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CESAR MAIA
Pesquisas eleitorais!
SEMPRE QUE as pesquisas
eleitorais são publicadas, surgem os questionamentos. Em
geral as críticas se baseiam nos resultados diferentes entre institutos, além da margem de erro.
Uma pesquisa de opinião pública, sobre qualquer questão, depende de a informação ter chegado às
pessoas. Fazer uma pesquisa de
opinião no Brasil sobre os conflitos
subnacionais na Bélgica neste momento não dará nenhum resultado, mesmo que parte das pessoas
marque uma resposta. Da mesma
forma, quando a informação a ser
pesquisada é restrita, a pesquisa
não testa opinião pública. Por
exemplo: você acha que o Copom
vai aumentar, diminuir ou deixar
os juros iguais?
O processo básico para que uma
pesquisa eleitoral traduza o que
pensa a opinião pública é que o "jogo de coordenação" (expressão técnica) tenha se desenvolvido. Num
processo eleitoral, a opinião das
pessoas vai se formando em contato com a opinião de outras pessoas.
Elas recebem informações dos
candidatos e dos meios de comunicação e conversam entre si. É esse
processo de tomada de decisão, a
partir das conversas entre as pessoas, o que se chama de "jogo de
coordenação". Longe do processo
eleitoral, quando os partidos ainda
não iniciaram suas campanhas,
sem sua própria TV/rádio, e a imprensa ainda não priorizou a cobertura, as informações que chegam aos eleitores ainda são diluídas. Vale a memória dos nomes.
No caso da eleição presidencial
deste ano, um dos candidatos tem o
nome mais conhecido por sua participação em outras eleições e em
governos. O presidente da República, por um ano e meio, foi reduzindo essa vantagem, divulgando o nome de sua candidata e buscando
colá-la às realizações do governo.
Mas quando o processo se abre e
a mídia amplia os espaços pré-eleitorais é que se inicia o "jogo de
coordenação". Os candidatos procuram colocar seus nomes e propostas no meio desse "jogo", assim
como desqualificar os seus adversários. As pessoas passam a tratar
do tema progressivamente. O "jogo" esquenta quando entra a TV
dos candidatos.
As pesquisas, portanto, medem,
de início, opiniões frias, e vão retratando de forma crescente a tendência efetiva da opinião eleitoral,
a meio do "jogo de coordenação".
Os fatos eleitorais vão afetando esta opinião pública, mantendo ou
alternando tendências. Dessa forma, as pesquisas divulgadas nestes
meses falam da opinião pública,
antes do "jogo de coordenação".
Os candidatos, em suas campanhas, vão influenciando esse "jogo"
de maneira a que as conversas estimuladas pela propaganda, direta e
indireta, produzam, no final, decisões a seu favor.
E as pesquisas, que no início apenas faziam diagnóstico, no final
passam a fazer prognóstico.
cesar.maia@uol.com.br
CESAR MAIA escreve aos sábados nesta coluna.
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