São Paulo, domingo, 01 de maio de 2011

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EDITORIAIS

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Ajuste fino no crédito

O custo do crédito no Brasil está subindo de forma significativa desde dezembro. Não resta dúvida, portanto, de que nesse aspecto os aumentos da taxa básica de juros e as demais medidas adotadas para moderar o crescimento do crédito tiveram sua eficácia.
O crédito não está apenas mais caro, ele está também menos farto. Sustentado pela confiança ainda elevada (embora cadente) de empresários e consumidores, o fluxo mensal de concessão de novos empréstimos permaneceu alto até março e também, de acordo com dados parciais, em abril.
Ainda assim, o fechamento mensal de empréstimos já diminuiu substancialmente em relação ao nível de novembro. Embora inequívoca, essa constatação ainda é ignorada por muitos porque demanda descontar as flutuações típicas de cada mês e, sobretudo, não dar peso ao fato -real, mas menos importante- de que o estoque de crédito segue crescendo em ritmo relativamente rápido.
Apesar do arrefecimento do mercado de crédito, a expectativa de inflação apurada pelo Banco Central continua a piorar. Os resultados dos índices de preços seguem salgados e renovam o temor com pressões inflacionárias.
Essa preocupação foi reforçada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), que optou por reduzir o ritmo de elevação da taxa básica de juros. Ao divulgar a ata da reunião em que tomou essa decisão, porém, o BC sinalizou que pretende estender o ciclo de aumentos na taxa Selic e não fez menção à possibilidade de outras medidas de moderação do crédito.
A sinalização pode ser interpretada da seguinte forma: as autoridades reconhecem que a política econômica por ora fez menos do que o necessário para manter a inflação sob controle. Ao mesmo tempo, relutam em recorrer a mais medidas diretas de contenção do crédito -provavelmente porque, conforme muitos analistas têm apontado, o impacto de medidas desse tipo é bastante difícil de aquilatar de antemão.
Em outras palavras, além da necessidade de fazer mais no front anti-inflacionário, o BC reconhece também o risco de que, paradoxalmente, a política econômica possa exagerar na dose e gerar sacrifício desnecessário da atividade econômica. A dupla cautela parece mais que recomendável.


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