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Editoriais
Diplomacia fragmentada
A DIPLOMACIA do governo
Lula não raro viola princípios consagrados que norteavam a atuação do Itamaraty.
Depois de abster-se na moção
que exigia o julgamento dos responsáveis pelo genocídio de Darfur (Sudão) e de coonestar a fraude eleitoral no Zimbábue, o Brasil decidiu agora ficar de fora do
tratado internacional que bane
as bombas de dispersão, as quais
representam uma grave ameaça
à população civil.
Na sexta-feira, 111 países reunidos em Dublin, na Irlanda, assinaram o acordo que proíbe a fabricação e prevê a destruição dos
estoques hoje existentes desse
gênero de armamento. O Brasil,
ao lado de Estados Unidos, Rússia, Índia, Paquistão, Israel e Colômbia, foi uma das 34 nações
que optaram por não aderir ao
tratado.
O Itamaraty procura justificar-se com desculpas esfarrapadas,
como a de que haveria foros mais
adequados para esse tipo de assunto. Mais diretos, os militares
brasileiros afirmam considerar
que esse gênero de artefato amplia o poder de fogo do Estado e
desencoraja ações bélicas contra
o país. O Brasil fabrica e exporta
bombas de dispersão, inclusive
para áreas de conflito como o
Oriente Médio.
O problema com as bombas de
dispersão é que seu potencial de
destruição se prolonga muito
além do confronto. Trata-se de
um grande artefato que espalha
centenas de microbombas por
uma área equivalente à de dois
ou três campos de futebol. Entre
10% e 40% dessas submunições
não chegam a explodir e passam
a representar um risco permanente à população, em especial
para crianças que podem encontrar e inadvertidamente detonar
uma dessas microbombas décadas depois de lançada.
Não há pragmatismo diplomático, dissuasão militar ou saldo
comercial que justifique a posição adotada pelo Brasil.
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