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ANTÔNIO ERMÍRIO
DE MORAES
A hora é de solidariedade
DEPOIS do horrível terremoto que ocorreu no mês passado, a China está ameaçada
por uma outra tragédia: uma grande inundação.
Não é a primeira vez que isso
acontece nos últimos tempos. O fenômeno ocorreu em 1998, quando
matou quase 4.000 pessoas. Em
2007, o transbordamento dos rios
do sul do país desalojou cerca de
600 mil pessoas.
Agora, a grande ameaça é de
transbordamentos de lagos artificialmente formados. A acumulação de destroços e as chuvas intensas provocaram o surgimento de
grandes bacias, que recolheram as
águas de rios das regiões atingidas.
Um dos lagos já está com cerca de
130 milhões de metros cúbicos e
tem seu nível aumentado em um
metro por dia.
Soldados, funcionários públicos
e cidadãos em geral trabalham sem
parar para evitar uma tragédia ainda maior do que a dos terremotos.
Um eventual rompimento das paredes precárias dos lagos recém-formados atingiria mais de 1,2 milhão de pessoas, muitas das quais já
estão desalojadas por causa dos
terremotos.
Por cima de todos esses estragos,
as autoridades chinesas revelaram
que, das 50 reservas de materiais
radioativos existentes na região
dos terremotos -usados para fins
médicos e industriais-, pelo menos 15 estão debaixo dos escombros, com perigo de vazamentos.
Terremotos, enchentes e radioatividade é uma combinação das
mais perversas para um povo que
trabalha duramente e para uma
nação que exibe ao mundo uma capacidade incrível de crescer e de
progredir.
Apesar de distantes e, muitas vezes, queixosos do avanço agressivo
daquele país na economia mundial,
não podemos deixar de reconhecer
o sofrimento de seu povo e explicitar a nossa consternação.
Não sei se o Brasil está ajudando
com alimentos ou medicamentos,
mas penso que este seja um momento de deixarmos a concorrência de lado, substituindo-a pela
cooperação.
A globalização produziu muitos
benefícios efetivos para uma grande parcela da população mundial,
mas, ao mesmo tempo, criou um
espírito competitivo cruel para os
povos menos favorecidos.
Tragédias colossais, como as que
atingem a China e há pouco tempo
varreram outras nações da Ásia
(tsunamis), são mensagens para
que os seres humanos de todas as
nacionalidades se ajudem mutuamente para garantir um mínimo de
humanismo na face da Terra.
Os chineses merecem a nossa irrestrita solidariedade.
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos
domingos nesta coluna.
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