São Paulo, domingo, 01 de junho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES

A hora é de solidariedade

DEPOIS do horrível terremoto que ocorreu no mês passado, a China está ameaçada por uma outra tragédia: uma grande inundação. Não é a primeira vez que isso acontece nos últimos tempos. O fenômeno ocorreu em 1998, quando matou quase 4.000 pessoas. Em 2007, o transbordamento dos rios do sul do país desalojou cerca de 600 mil pessoas.
Agora, a grande ameaça é de transbordamentos de lagos artificialmente formados. A acumulação de destroços e as chuvas intensas provocaram o surgimento de grandes bacias, que recolheram as águas de rios das regiões atingidas. Um dos lagos já está com cerca de 130 milhões de metros cúbicos e tem seu nível aumentado em um metro por dia.
Soldados, funcionários públicos e cidadãos em geral trabalham sem parar para evitar uma tragédia ainda maior do que a dos terremotos. Um eventual rompimento das paredes precárias dos lagos recém-formados atingiria mais de 1,2 milhão de pessoas, muitas das quais já estão desalojadas por causa dos terremotos.
Por cima de todos esses estragos, as autoridades chinesas revelaram que, das 50 reservas de materiais radioativos existentes na região dos terremotos -usados para fins médicos e industriais-, pelo menos 15 estão debaixo dos escombros, com perigo de vazamentos.
Terremotos, enchentes e radioatividade é uma combinação das mais perversas para um povo que trabalha duramente e para uma nação que exibe ao mundo uma capacidade incrível de crescer e de progredir.
Apesar de distantes e, muitas vezes, queixosos do avanço agressivo daquele país na economia mundial, não podemos deixar de reconhecer o sofrimento de seu povo e explicitar a nossa consternação. Não sei se o Brasil está ajudando com alimentos ou medicamentos, mas penso que este seja um momento de deixarmos a concorrência de lado, substituindo-a pela cooperação.
A globalização produziu muitos benefícios efetivos para uma grande parcela da população mundial, mas, ao mesmo tempo, criou um espírito competitivo cruel para os povos menos favorecidos.
Tragédias colossais, como as que atingem a China e há pouco tempo varreram outras nações da Ásia (tsunamis), são mensagens para que os seres humanos de todas as nacionalidades se ajudem mutuamente para garantir um mínimo de humanismo na face da Terra.
Os chineses merecem a nossa irrestrita solidariedade.

antonio.ermirio@antonioermirio.com.br


ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos domingos nesta coluna.


Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: E vamos nessa
Próximo Texto: Frases

Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.