São Paulo, segunda-feira, 01 de junho de 2009

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TENDÊNCIAS/DEBATES

60 anos da Abap

LUIZ LARA e DALTON PASTORE


Da semente plantada por Sarmento, em 1949, constituiu-se a base para o estabelecimento de uma indústria vigorosa


QUATRO ANOS apenas após o fim da Segunda Guerra Mundial, quando os países aliados ainda formalizavam a nova divisão do mundo e a industrialização brasileira mal engatinhava, um publicitário visionário -Armando Moraes Sarmento- reunia, no Rio de Janeiro, os representantes de 11 agências de publicidade e fundava a Associação Brasileira de Agências de Propaganda (hoje Associação Brasileira de Agências de Publicidade).
Da semente plantada por Sarmento, em 1949, constituiu-se a base para o estabelecimento de uma indústria vigorosa, movida por motivações empreendedoras e uma inabalável vocação democrática e libertária: a indústria brasileira da comunicação.
No decorrer desses 60 anos, a Abap esteve permanentemente empenhada na organização da atividade, tanto no aspecto da viabilidade econômica do negócio quanto no estabelecimento das regras que definiriam a qualidade da relação das agências de publicidade com seus colaboradores, clientes, fornecedores e consumidores.
Em 1978, fez parte do núcleo fundador do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária e do Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) -iniciativa pioneira que se converteria em emblema da capacidade empresarial, profissional e cidadã dos brasileiros para a autogestão de suas responsabilidades éticas.
Criado e implementado em plena ditadura com o papel de fazer valer aquele código, o Conar teve o mérito de desvencilhar dos critérios dos censores a avaliação do que as campanhas publicitárias poderiam ou não fazer chegar ao público. Com isso, o talento dos profissionais brasileiros ganhou asas, e nossa publicidade foi reconhecida internacionalmente como uma das mais criativas do mundo.
O Conar é um instrumento moderno, eficaz e democrático que, inclusive, defende a sociedade das distorções provocadas pela tendência dos governos à tutela dos cidadãos e cria as condições ideais para que os brasileiros, por meio do uso do bom senso, estabeleçam livremente, há mais de 30 anos, os limites da publicidade.
A autorregulamentação brasileira inspirou diversos países, que criaram seus códigos baseados no nosso. A Abap é também idealizadora e cossignatária do Cenp (Conselho Executivo das Normas-Padrão), criado em 1998 para preservar o justo equilíbrio nas relações de interesses entre agências de publicidade, anunciantes e veículos de comunicação.
Num momento em que o Brasil via-se ameaçado de ser a bola da vez na abordagem dos birôs de mídia -grupos financeiros multinacionais, cuja modalidade de negócios consiste na compra antecipada e especulativa de grandes volumes de espaço nos meios de comunicação-, o mercado reagiu e selou as condições que preservariam a integridade econômica e a independência editorial de nossas televisões, rádios, jornais e revistas.
Iniciativa de salvaguarda da credibilidade da mídia e da saúde financeira das empresas, que define muito bem aquilo que a Abap defende e sempre defendeu: uma economia de livre-iniciativa, cadenciada pela melhor conveniência sociopolítico-cultural da sociedade brasileira.
Em 2008, a Abap realizou o 4º Congresso Brasileiro de Publicidade, 30 anos passados da sua última edição, acontecimento histórico que congregou todas as 33 entidades representativas de todos os segmentos relacionados à comunicação e reuniu o impressionante número de 1.650 participantes de todos os Estados, sob a bandeira da liberdade de expressão.
Quinze comissões deliberaram durante três dias e apresentaram um conjunto de teses voltadas às necessárias adequações do negócio aos novos tempos e ao aperfeiçoamento de suas relações com a sociedade.
Foi constituído o Fórum Permanente da Comunicação, com a missão de implementar aquilo que fosse democraticamente decidido e de se manter vigilante às ameaças daqueles que, recorrentemente, buscam fazer do intervencionismo estatal na comunicação um instrumento de controle da opinião pública. São esses alguns exemplos relevantes da dinâmica de atuação da Abap nessas seis décadas transcorridas.
Representando uma atividade econômica que gera mais de 30 mil empregos diretos e dezenas de milhares de indiretos e recolhe aos cofres públicos milhões de reais em impostos anualmente, a Abap mantém-se empenhada na ativação de um mercado saudável, efervescente, livre e democrático, espaço e oportunidade insubstituíveis para que empreendedores e trabalhadores brasileiros construam, com o uso de seus melhores talentos, um país economicamente mais competitivo e socialmente mais justo.

LUIZ DE ALENCAR LARA, 47, é diretor-presidente-CEO da agência Lew'Lara/TBWA Publicidade e presidente nacional da Abap (Associação Brasileira de Agências de Publicidade).

DALTON PASTORE JUNIOR, 58, é presidente do Conselho Consultivo da Abap.


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