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PACOTE LIMITADO
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva lançou ontem um conjunto de decretos e projetos de lei voltados para o combate à corrupção. O
pacote cria corregedorias nos ministérios, vinculadas à Controladoria
Geral da União (CGU), torna crime o
enriquecimento ilícito de servidores,
com pena de até oito anos de prisão,
e amplia o Portal da Transparência,
um endereço na Internet, que já está
no ar há sete meses, onde serão publicados atos da administração federal e auditorias anuais dos diversos
órgãos realizadas pela CGU.
São propostas à primeira vista positivas, mas tímidas se tomadas como uma reação aos descalabros que
de longa data ocorrem no setor público -e que vêm mais uma vez à tona com as denúncias sobre o suposto "mensalão". Se pretendem tomar
medidas que possam de fato coibir a
corrupção, o presidente da República e a classe política precisam enfrentar temas mais espinhosos e relevantes, a começar pela moralização das
doações para campanhas políticas.
O que as denúncias, os depoimentos e as novas descobertas feitas pela
imprensa sugerem é algo que o país
já conhece: há todo um universo paralelo de movimentação clandestina
de elevadas somas de dinheiro, com
base em caixa dois e comissões, que
está estreitamente relacionado ao financiamento eleitoral.
Muitos têm defendido o uso de dinheiro público como a solução para
esses desvios. Trata-se de uma proposta bem-intencionada, mas que
não constitui -como esta Folha tem
insistido- a melhor alternativa para
enfrentar a questão. Não faz sentido
usar mais verbas públicas para sustentar partidos que já são beneficiados pelo horário gratuito de rádio e
TV e, na prática, continuariam tendo
acesso a recursos privados.
O caminho para conter os abusos é
assegurar que as doações privadas
sejam realizadas "por cima da mesa", num regime de total transparência, municiando a Justiça Eleitoral
para identificar e punir com rigor as
doações fraudulentas.
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