São Paulo, sexta-feira, 01 de julho de 2011

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ELIANE CANTANHÊDE

Violência virtual

BRASÍLIA - O PSDB diz que não comprou, o DEM diz que não comprou, e a Folha não compra informação, mas alguém pode acabar pagando pelos e-mails que o hacker "Douglas" copiou da então candidata e atual presidente Dilma Rousseff. Para qualquer mortal, já seria um enorme problema. Em se tratando de Dilma, é gravíssimo.
"Douglas" está em vantagem. Tem os e-mails e sabe o que eles contêm. Graças à manchete de ontem na Folha, dos repórteres Matheus Leitão e Rubens Valente, o Planalto sabe que "Douglas" tem os e-mails de Dilma, mas não sabe o que de fato eles contêm.
Se há 600 e-mails, isso pode, e até deve, incluir dados pessoais, afetivos, de saúde, profissionais, de interesse político ou mesmo de governo, já que Dilma, antes de se candidatar, era chefe da Casa Civil, centro das decisões -e, naturalmente, de segredos- da era Lula.
Uma frase mal colocada, um adjetivo malcriado, uma revelação qualquer, um dado de governo... e o material vira uma bomba-relógio.
Com um detalhe que pode contar a favor ou contra Dilma: a possibilidade de adulteração de trechos dos textos originais. A favor porque pode servir de argumento para desmerecer todo o resto, mesmo o que seja verdadeiro. Contra porque um "caco" tende a ser explosivo, para confundir. Até ser desmentido, pode dar confusão e trabalho.
O mais assustador é que um estrago desse tamanho foi feito por um quase garoto de 21 anos, desempregado, de periferia. Imagine o que profissionais ou uma quadrilha podem ousar. Dá um frio na espinha. E é essa sensação que percorre o Palácio do Planalto.
Depois da importante notícia de ontem da Folha e das invasões da semana passada em ministérios, na Receita, no IBGE, no Senado, na Petrobras, a única conclusão é que há uma guerra virtual em curso no Brasil. E os agressores são como fumaça, desmancham-se no ar. A não ser quando querem dinheiro.

elianec@uol.com.br


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