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A VOLTA DE DIRCEU
Uma autorização da agência SMPB para um saque de R$
50 mil em nome de um assessor pessoal do deputado José Dirceu trouxe
novamente o ex-ministro da Casa Civil para o centro das atenções. A
SMPB tem como um dos seus sócios
Marcos Valério, figura-chave do escândalo do mensalão.
Ao deixar o Executivo, depois da
teatral advertência do deputado Roberto Jefferson, Dirceu afirmara que
combateria "na planície", o que vem
fazendo, ao que se noticia, em intensas movimentações de bastidores.
Procurando manter-se longe dos holofotes, tenta evitar que a CPI estabeleça vínculos materiais entre ele e o
esquema operado por Valério e Delúbio Soares, o ex-tesoureiro do PT.
Sem o surgimento de provas, Dirceu parece sentir-se em condições de
impedir que o inquérito o coloque na
posição de réu, esfriando as pressões
para que seja cassado. O deputado
estaria fazendo gestões com a CPI e
lideranças da oposição na tentativa
de ser poupado. Teria sugerido, em
contrapartida, a não-convocação do
presidente do PSDB, Eduardo Arezedo, cuja campanha para o governo de
Minas, em 1998, contou com os préstimos do publicitário mineiro.
Em seus esforços para ficar à margem da crise, Dirceu chegou a dizer
que "não se lembrava" de ter participado de um encontro em Belo Horizonte com diretores do Banco Rural,
no qual, segundo afirmou a mulher
Valério em seu depoimento à CPI ,
tratou-se dos empréstimos concedidos ao PT. Agora, o deputado atribui
as novas revelações a mentiras destinadas a "enxovalhar" seu nome. É
generalizada a impressão de que o
ex-ministro não apenas conhecia o
esquema do "mensalão" como é o
principal mentor do projeto de poder
petista, associado ao aparelhamento
da máquina pública pelo partido.
Amanhã, o combatente da planície
depõe no Conselho de Ética da Câmara, onde deverá confrontar-se
com seu arqui-rival Roberto Jefferson. Será uma excelente oportunidade para Dirceu convencer seus pares
e a opinião pública de que está sendo
vítima de falsas acusações.
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