São Paulo, segunda-feira, 01 de agosto de 2005

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A VOLTA DE DIRCEU

Uma autorização da agência SMPB para um saque de R$ 50 mil em nome de um assessor pessoal do deputado José Dirceu trouxe novamente o ex-ministro da Casa Civil para o centro das atenções. A SMPB tem como um dos seus sócios Marcos Valério, figura-chave do escândalo do mensalão.
Ao deixar o Executivo, depois da teatral advertência do deputado Roberto Jefferson, Dirceu afirmara que combateria "na planície", o que vem fazendo, ao que se noticia, em intensas movimentações de bastidores. Procurando manter-se longe dos holofotes, tenta evitar que a CPI estabeleça vínculos materiais entre ele e o esquema operado por Valério e Delúbio Soares, o ex-tesoureiro do PT.
Sem o surgimento de provas, Dirceu parece sentir-se em condições de impedir que o inquérito o coloque na posição de réu, esfriando as pressões para que seja cassado. O deputado estaria fazendo gestões com a CPI e lideranças da oposição na tentativa de ser poupado. Teria sugerido, em contrapartida, a não-convocação do presidente do PSDB, Eduardo Arezedo, cuja campanha para o governo de Minas, em 1998, contou com os préstimos do publicitário mineiro.
Em seus esforços para ficar à margem da crise, Dirceu chegou a dizer que "não se lembrava" de ter participado de um encontro em Belo Horizonte com diretores do Banco Rural, no qual, segundo afirmou a mulher Valério em seu depoimento à CPI , tratou-se dos empréstimos concedidos ao PT. Agora, o deputado atribui as novas revelações a mentiras destinadas a "enxovalhar" seu nome. É generalizada a impressão de que o ex-ministro não apenas conhecia o esquema do "mensalão" como é o principal mentor do projeto de poder petista, associado ao aparelhamento da máquina pública pelo partido.
Amanhã, o combatente da planície depõe no Conselho de Ética da Câmara, onde deverá confrontar-se com seu arqui-rival Roberto Jefferson. Será uma excelente oportunidade para Dirceu convencer seus pares e a opinião pública de que está sendo vítima de falsas acusações.


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