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EXCESSO DE CANDIDATOS
A cada novo pleito, quando tem
início o horário eleitoral gratuito, chama a atenção o grande número de candidaturas lançadas pelos
chamados partidos "nanicos". Na
atual campanha de São Paulo, 45%
dos candidatos a vereador -545 de
um total de 1.215 postulantes a 55 vagas- são filiados a partidos pequenos, com pouca ou nenhuma representação na Câmara Municipal.
Embora esse fenômeno possa ser
considerado como a mera realização
de um anseio legítimo por participação política, a abundância de candidaturas tem conseqüências indesejáveis. O excesso, em vez de servir para
oferecer mais alternativas ao eleitor,
acaba por confundi-lo. É uma tarefa
árdua discernir quem é quem nessa
floresta de interessados em ingressar
na vereança.
É verdade que não se pode negar
que essas candidaturas sejam legítimas. Todo cidadão, salvo em circunstâncias excepcionais, tem direito a concorrer a cargos públicos.
Além disso, as normas eleitorais vigentes facultam a cada partido a possibilidade de inscrever um número
de candidatos equivalente a 150% das
vagas da Câmara Municipal, criando
a proteção legal para a multiplicação
de postulantes.
No entanto as aparições dos ditos
"nanicos" na televisão -repetidamente marcadas por propostas mirabolantes, bordões bizarros e atuações histriônicas- corroboram a
impressão de que, em alguns casos,
partidos pequenos assumem a clássica e nefasta figura da legenda de
aluguel. A ausência de discurso programático e a representatividade
quase nula dessas agremiações sugerem que muitas delas se prestam a
abrigar personagens que desejam tirar algum proveito pessoal da exposição na mídia propiciada pelo horário eleitoral gratuito.
Essa situação não deixa dúvida de
que, a despeito das conquistas democráticas obtidas pela sociedade,
ainda há muito a avançar no aprimoramento do sistema partidário e da
cultura política no país.
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