São Paulo, sexta-feira, 01 de setembro de 2006

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CLÓVIS ROSSI

Cadê o espetáculo?

SÃO PAULO - O pífio crescimento da economia no segundo trimestre é apenas mais um elo na longa cadeia de fracassos de sucessivos governos em levar o país ao "espetáculo do crescimento", promessa do presidente de turno, outro engodo de uma longa série. Pior que o passado parece ser o futuro.
"Com o resultado divulgado hoje pelo IBGE para o PIB brasileiro, fica bem distante da realidade a perspectiva de um crescimento entre 4% e 4,5% para este ano. Mesmo para um crescimento mais modesto, como 3,5%, a evolução do segundo semestre teria de se acelerar para níveis que hoje parecem difíceis de serem alcançados", escreve, por exemplo, o IEDI (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
Quem lançou as análises do IEDI foi o competente economista Júlio César Gomes de Almeida, hoje secretário de Política Econômica do governo federal.
Não dá, pois, para acusar o instituto de ser parte de uma conspiração das elites contra o governo Lula, como gostam de fazer os petistas sempre que os fatos contrariam suas versões ou promessas.
Mais sobre o futuro: na semana passada, o "Estadão" anunciou que a Sadia estuda a possibilidade de produzir frango congelado na Índia. A Sadia, como todo mundo sabe, foi presidida, até a eleição de Lula, por um certo Luiz Fernando Furlan, competente executivo tanto no setor privado como agora no governo. Furlan é ministro do Desenvolvimento (além de Comércio Exterior e Indústria).
Que desenvolvimento pode ter de fato um país que exporta fábricas e, por extensão, empregos?
Quer mais? A remota China já tem maior participação no mercado latino-americano que o vizinho Brasil (7,8% contra 6,5%).
É esse o espetáculo que o Brasil oferece: além do engodo e da lama, a permanente anemia econômica.


crossi@uol.com.br

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