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RESULTADO FINAL
A eleição do candidato José
Serra em São Paulo impôs não
apenas uma derrota à prefeita Marta
Suplicy mas também um importante
revés político ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Somado aos insucessos das candidaturas apoiadas pelo Planalto em Curitiba, Goiânia e sobretudo em Porto
Alegre, onde o petismo governa há
16 anos, o triunfo de Serra compõe
um cenário bem mais adverso do que
o inicialmente idealizado pelo PT.
Se os resultados das eleições municipais não devem influenciar decisivamente o próximo pleito presidencial, eles são um aspecto relevante
para definir a arena política na qual a
segunda metade do mandato e os
embates com vistas à sucessão de Lula irão transcorrer.
Ao preferir não concentrar mais
poderes nas mãos do PT, o eleitor de
São Paulo, voluntariamente ou não,
sancionou as avaliações de que o governador Geraldo Alckmin poderia
sair da campanha como o virtual
candidato do PSDB à disputa de
2006. Alckmin, cujo partido foi muito bem no segundo turno, obtendo
vitórias significativas em diversas cidades, governa o principal Estado do
país e empenhou-se para derrotar o
PT numa eleição considerada estratégica pelo governo federal -a ponto de o presidente da República ter se
envolvido diretamente nos esforços
para reeleger sua candidata.
No que tange a São Paulo, é de ressaltar a boa qualidade da contenda
eleitoral, que, a despeito de falhas e
deslizes, envolveu dois candidatos
com credenciais suficientes para administrar o mais complexo centro
urbano brasileiro.
O novo prefeito, que há apenas
dois anos postulava a Presidência da
República, é um homem público talentoso, de reconhecida competência, cuja carreira política justifica expectativas de uma administração
inovadora e que faça diferença.
Ao elegê-lo, os paulistanos certamente optaram por uma mudança
política e administrativa, mas isso
não significa que o novo prefeito deva voltar as costas para os aspectos
mais bem sucedidos do período de
sua antecessora.
É de esperar -e o histórico de Serra assim o sugere- que a administração vindoura saiba discernir, como foi enfatizado durante a campanha, entre o que deve ser aperfeiçoado e o que é preciso efetivamente
mudar. Com graves dificuldades administrativas e uma dívida pública
que já se aproxima dos R$ 30 bilhões, São Paulo exigirá do futuro
prefeito empenho extraordinário para superar obstáculos e conseguir
contar com os investimentos de que
a cidade necessita.
Nesse sentido, da mesma forma
que é preciso cobrar de José Serra
que administre para todos os paulistanos, não há outra atitude a esperar
do governo federal senão que confira
à capital a atenção devida à maior
metrópole do país.
Quanto à prefeita Marta Suplicy,
em que pese ter sido preterida, deverá continuar exercendo papel de relevo no cenário político. Deixa a prefeitura com uma administração relativamente bem avaliada, com mais experiência e um patrimônio eleitoral
significativo.
De uma maneira geral, as eleições
municipais demonstraram que a democracia brasileira vai amadurecendo a cada pleito. Se PT e PSDB têm
motivos para considerar que obtiveram êxitos, o eleitor também contemplou outras forças do espectro
partidário. O cenário que emerge das
urnas é o de um país politicamente
centrista, mas plural.
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