SÃO PAULO - Faltam dois anos, mas começa hoje o processo eleitoral de 2006. De maneira subliminar, já estava em curso desde a eleição de Lula em 2002. Ocorre que agora os políticos estão mais à vontade para falar do assunto, pois já foram contados os votos nas 5.562 cidades.
Na oposição, é longa a lista dos que se preparam para desafiar Lula.
Dentro do PT, a disputa é para ver quem será candidato a governador nos Estados importantes -e, por conseqüência, quem estará mais habilitado a ser o sucessor de Lula em 2010. Sim, porque os petistas acham que o presidente será reeleito e já está na hora de saber quem ficará com o espólio lulista mais adiante.
É evidente que ainda é cedo para fazer uma pálida previsão de como será o quadro sucessório daqui a dois anos. Os políticos sabem disso. Sabem também que só estará no páreo quem começar a se preparar já.
Os partidos vão procurar retirar lições das disputas municipais encerradas ontem. Há alguns sinais numéricos, não desprezíveis:
1) PT e PSDB receberam o maior número de votos para prefeito. Juntos, tiveram 33,7% do total;
2) PFL, PMDB e até o moribundo PP seguem com muitos quadros nas cidades. Somadas, os três chegaram a 33,2% dos votos para prefeito;
3) nos grandes centros urbanos, o PT enfrentou mais dificuldades do que Lula, Zé Dirceu, Delúbio Soares e Duda Mendonça imaginavam. Petistas perderam posições vitais. São Paulo é apenas a mais vistosa;
4) partidos médios ajudam a fazer a diferença em vários locais. Juntos, PDT, PTB, PL, PPS e PSB tiveram 26,5% dos votos para prefeito.
Está claro que será difícil para um candidato a presidente ser vitorioso em 2006 apenas nas costas de seu partido. Lula percebeu isso em 2002. Outros terão de seguir pelo mesmo caminho daqui a dois anos. Todas as negociações começam agora.


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