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RICARDO YOUNG
A promessa e a dúvida
No momento em que escrevo estas linhas, o país ainda
não conhece oficialmente
quem ocupará a Presidência
da República.
Mesmo com as pesquisas
dando favoritismo a Dilma
Rousseff, achei mais prudente
e menos pretensioso escrever
um comentário geral sobre as
expectativas minhas e, ouso
dizer, de uma parcela significativa dos brasileiros a respeito do próximo governo
Nossas esperanças num
Brasil justo não diminuíram,
mas são menos ingênuas. Vimos o pragmatismo vencer a
ética e a transparência no âmbito institucional. Mas vimos
também a sociedade reagir e,
mesmo numa campanha pouco politizada como esta, não
abrir mão de suas conquistas
democráticas ao impor um segundo turno não com base em
dúvidas religiosas, mas políticas: de escolhas a respeito do
país que queremos para nós e
nossos descendentes.
E nós queremos outro modelo de desenvolvimento para
o país, preocupado sim com a
distribuição de renda, a erradicação da miséria, a justiça
social, mas sem deixar de lado
o respeito ao meio ambiente, a
ética e a democracia, esta entendida como a possibilidade
de a sociedade se organizar
para ampliar sua participação
em todos os foros de decisão
sobre os destinos do país.
Existe uma nova cidadania
e uma nova consciência se formando, cuja essência hoje está resumida na "Agenda para
um Brasil justo e sustentável",
com a qual a(o) futura(o) presidente comprometeu-se.
Fazem parte dela: transparência e ética; reforma eleitoral ; educação -7% do PIB no
setor público de ensino; segurança pública -direcionamento do Fundo Nacional de
Segurança para complementar os salários dos policiais;
mudanças climáticas -criação de agência reguladora independente para a política nacional de mudanças climáticas; seguridade social; proteção dos biomas brasileiros
-veto às propostas de alteração do Código Florestal; gasto
público -limitação da expansão à metade do crescimento
do PIB; política externa -promover a paz, a liberdade, a democracia e o respeito aos direitos humanos; diversidade cultural -conclusão da demarcação e homologação das terras
indígenas e criação de fundo
para apoiar projetos indígenas, entre outros.
Num mundo atormentado
por duas graves crises, a financeira e a climática, o Brasil
desponta como exemplo a ser
seguido. Por isso, apelo ao
bom senso da(o) próxima(o)
presidente: vamos deixar a
política velha de lado e construir de fato uma sociedade
nova que irá contribuir para
mudar o mundo, como imaginou o poeta, o revolucionário,
o pregador e que sonha o mais
comum dos cidadãos.
RICARDO YOUNG escreve às segundas-feiras nesta coluna.
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