São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2010

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RICARDO YOUNG

A promessa e a dúvida

No momento em que escrevo estas linhas, o país ainda não conhece oficialmente quem ocupará a Presidência da República.
Mesmo com as pesquisas dando favoritismo a Dilma Rousseff, achei mais prudente e menos pretensioso escrever um comentário geral sobre as expectativas minhas e, ouso dizer, de uma parcela significativa dos brasileiros a respeito do próximo governo Nossas esperanças num Brasil justo não diminuíram, mas são menos ingênuas. Vimos o pragmatismo vencer a ética e a transparência no âmbito institucional. Mas vimos também a sociedade reagir e, mesmo numa campanha pouco politizada como esta, não abrir mão de suas conquistas democráticas ao impor um segundo turno não com base em dúvidas religiosas, mas políticas: de escolhas a respeito do país que queremos para nós e nossos descendentes.
E nós queremos outro modelo de desenvolvimento para o país, preocupado sim com a distribuição de renda, a erradicação da miséria, a justiça social, mas sem deixar de lado o respeito ao meio ambiente, a ética e a democracia, esta entendida como a possibilidade de a sociedade se organizar para ampliar sua participação em todos os foros de decisão sobre os destinos do país.
Existe uma nova cidadania e uma nova consciência se formando, cuja essência hoje está resumida na "Agenda para um Brasil justo e sustentável", com a qual a(o) futura(o) presidente comprometeu-se.
Fazem parte dela: transparência e ética; reforma eleitoral ; educação -7% do PIB no setor público de ensino; segurança pública -direcionamento do Fundo Nacional de Segurança para complementar os salários dos policiais; mudanças climáticas -criação de agência reguladora independente para a política nacional de mudanças climáticas; seguridade social; proteção dos biomas brasileiros -veto às propostas de alteração do Código Florestal; gasto público -limitação da expansão à metade do crescimento do PIB; política externa -promover a paz, a liberdade, a democracia e o respeito aos direitos humanos; diversidade cultural -conclusão da demarcação e homologação das terras indígenas e criação de fundo para apoiar projetos indígenas, entre outros.
Num mundo atormentado por duas graves crises, a financeira e a climática, o Brasil desponta como exemplo a ser seguido. Por isso, apelo ao bom senso da(o) próxima(o) presidente: vamos deixar a política velha de lado e construir de fato uma sociedade nova que irá contribuir para mudar o mundo, como imaginou o poeta, o revolucionário, o pregador e que sonha o mais comum dos cidadãos.


RICARDO YOUNG escreve às segundas-feiras nesta coluna.


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