São Paulo, sexta-feira, 01 de dezembro de 2006

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ELIANE CANTANHÊDE

O "PMDB tucano" bateu asas

BRASÍLIA - Lula conseguiu um fato inédito: desequilibrar inquestionavelmente o PMDB a seu favor, rompendo a arraigada divisão meio a meio, oposição e governo, que vinha pelo menos desde FHC.
Hoje, o PMDB está unido. A grande maioria do partido apóia o governo, só ficando de fora um pequeno núcleo de resistência liderado pelo senador Pedro Simon e pelo senador eleito Jarbas Vasconcelos.
É uma vitória significativa de Lula e também de José Sarney e Renan Calheiros, com a inestimável colaboração da oposição e das eleições. Sarney não tinha alternativa, e Renan pulou no barco rapidamente quando as pesquisas embicaram para a reeleição.
Do outro lado, pouco se ouviu falar dos peemedebistas de oposição na campanha, na eleição e depois da vitória de Lula por 60% de votos. O "PMDB tucano" era na verdade "PMDB serrista". Com a escolha de Alckmin, voou em debandada, deixando como imagem a migração de Geddel Vieira Lima para outro ninho -de Lula, Renan e Sarney.
Sobraram não uns tucanos, mas uns gatos pingados, como Michel Temer e Eliseu Padilha, frágeis para tentar resistir aos ventos pró-Lula que partiram primeiro das pesquisas, depois das urnas e, por fim, dos governadores eleitos.
O resultado é um Lula que une forte popularidade à expectativa de certo conforto no Congresso -ou, pelo menos, na Câmara. No Senado, tudo é sempre mais complexo.
É ali a sede da tal resistência liderada por Simon e Jarbas, que ontem já alertava: quem adere com fome de cargos pode recuar se não for saciado. Além disso, governos atraem adesões no início, quando fortes. Mais adiante, desgastados, costumam gerar defecções.
Os neogovernistas sabem que há um embrião neo-oposicionista germinando. Pode vingar ou não. E depende menos da oposição e mais de Lula -de seus cargos, de seus favores e de seu sucesso, ou não.


elianec@uol.com.br

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