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Editoriais
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Alerta na conta externa
AS CONTAS externas brasileiras sofreram alterações
preocupantes. O saldo em
transações correntes -o balanço
das operações de bens e serviços
dos residentes com o exterior-
passou de um superávit de US$
2,1 bilhões de janeiro a novembro de 2007 para um déficit de
US$ 25,8 bilhões no mesmo período deste ano.
O superávit comercial caiu por
conta do ritmo de crescimento
das importações, muito superior
ao das exportações. As remessas
de lucros das companhias estrangeiras dispararam. As transferências de rendas das aplicações externas no mercado financeiro (ações e títulos públicos)
também se aceleraram.
O volume recorde de investimento externo no setor produtivo, de US$ 36,9 bilhões nos 11
primeiros meses do ano, não
bastou para financiar o déficit
em transações correntes e os investimentos brasileiros no exterior, resultando em um saldo negativo de US$ 6,2 bilhões.
O financiamento dessa lacuna
ficará cada vez mais difícil diante
da fuga do risco empreendida
por investidores, empresas e
bancos globais. Estima-se que
neste ano ocorra uma redução
no investimento de estrangeiros
na economia brasileira.
O país ostenta, contudo, situação mais confortável em relação
a crises globais anteriores. As reservas em moeda estrangeira, de
US$ 207,8 bilhões no final de dezembro, facilitam a navegação
em meio à turbulência.
Ainda assim, evitar o crescimento do déficit com o restante
do mundo será difícil. A retração
aguda da economia global reduz
o comércio externo e mantém
baixos os preços das commodities, os produtos básicos que têm
grande peso na nossa pauta de
exportações.
O Banco Central projeta retração nas vendas externas neste
ano. Se confirmado, será o primeiro recuo desde 1999. Diante
disso, é preciso que o país aperfeiçoe suas estratégias de comércio. Estímulos fiscais e agressividade na conquista de novos mercados seriam bem-vindos.
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