São Paulo, sexta-feira, 02 de janeiro de 2009

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Editoriais

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Alerta na conta externa

AS CONTAS externas brasileiras sofreram alterações preocupantes. O saldo em transações correntes -o balanço das operações de bens e serviços dos residentes com o exterior- passou de um superávit de US$ 2,1 bilhões de janeiro a novembro de 2007 para um déficit de US$ 25,8 bilhões no mesmo período deste ano.
O superávit comercial caiu por conta do ritmo de crescimento das importações, muito superior ao das exportações. As remessas de lucros das companhias estrangeiras dispararam. As transferências de rendas das aplicações externas no mercado financeiro (ações e títulos públicos) também se aceleraram.
O volume recorde de investimento externo no setor produtivo, de US$ 36,9 bilhões nos 11 primeiros meses do ano, não bastou para financiar o déficit em transações correntes e os investimentos brasileiros no exterior, resultando em um saldo negativo de US$ 6,2 bilhões.
O financiamento dessa lacuna ficará cada vez mais difícil diante da fuga do risco empreendida por investidores, empresas e bancos globais. Estima-se que neste ano ocorra uma redução no investimento de estrangeiros na economia brasileira.
O país ostenta, contudo, situação mais confortável em relação a crises globais anteriores. As reservas em moeda estrangeira, de US$ 207,8 bilhões no final de dezembro, facilitam a navegação em meio à turbulência.
Ainda assim, evitar o crescimento do déficit com o restante do mundo será difícil. A retração aguda da economia global reduz o comércio externo e mantém baixos os preços das commodities, os produtos básicos que têm grande peso na nossa pauta de exportações.
O Banco Central projeta retração nas vendas externas neste ano. Se confirmado, será o primeiro recuo desde 1999. Diante disso, é preciso que o país aperfeiçoe suas estratégias de comércio. Estímulos fiscais e agressividade na conquista de novos mercados seriam bem-vindos.


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