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Banda larga para todos
Aos poucos, o Plano Nacional
de Banda Larga (PNBL) vai deixando o terreno do devaneio ideológico e operacional para aproximar-se do realismo que desde o
início deveria tê-lo norteado. O novo ministro das Comunicações,
Paulo Bernardo, declarou à Folha
que vai propor às empresas do setor a divisão do comando do plano
com a Telebrás, estatal que a administração Lula ressuscitou na
tentativa de controlar o acesso rápido em escala popular à internet.
O PNBL pretende cobrir 68%
dos domicílios até 2014. O pacote
mais barato custaria R$ 15 por mês
e proveria uma velocidade de conexão de até 512 Kbps (kilobits por
segundo). Um outro, com velocidade entre 512 Kbps e 784 Kbps,
seria oferecido a R$ 35.
Note-se que esse tipo de acesso
não se enquadra, em muitos países, no conceito de internet rápida. No Brasil, contudo, difundir
esse padrão seria um avanço, já
que é ainda muito reduzida a parcela dos cidadãos que podem usar
o serviço.
Se convocar as teles é elogiável,
há que se reconhecer, por outro lado, o caráter extremamente precário do acesso à rede por elas oferecido -em contraste com tarifas
que estão entre as mais altas do
planeta. É uma situação que sugere a necessidade de o governo
atrair mais "players" para o setor e
exercer a devida cobrança para
melhoria dos serviços.
Como é comum em negociações
difíceis, também na do PNBL apareceram os "bodes" na sala. Para
as teles, a expansão de uma estatal no mercado representaria uma
série de ameaças, entre as quais a
de perder o rentável negócio -estimado em R$ 20 bilhões- de fornecimento a órgãos públicos.
Tais riscos e a falta de esclarecimentos sobre a maneira como a
Telebrás atuaria fizeram com que
o sindicato das operadoras entrasse na Justiça para impedir uma
eventual exclusividade da estatal
no atendimento ao setor público.
Há duas semanas, o ministro
encontrou-se com os representantes das empresas, que se comprometeram a retirar as ações e a propor uma estratégia razoável de participação no PNBL.
"Se fizerem uma boa proposta,
que atenda os consumidores, o
problema está resolvido", disse
Paulo Bernardo. É de esperar que
o acordo avance e que a banda larga melhore e se democratize.
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