São Paulo, domingo, 02 de janeiro de 2011

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CARLOS HEITOR CONY

Dilma entra em campo

RIO DE JANEIRO - Dilma pode tudo, menos reclamar de uma herança maldita -como em geral fazem os governantes que substituem outros. Embora os oito anos de Lula não tenham sido a maravilha curativa que alguns apregoam -e o próprio Lula é o primeiro e o mais entusiasta em proclamar a idade de ouro que deu ao Brasil- o fato é que Dilma faz parte das bem-aventuranças que rolaram na mídia e em especial na TV.
Ela terá duas opções a escolher: continuar o governo anterior, do qual fez parte importante, ou criar uma estrada própria -e até certo ponto inesperada- para se marcar na história política e administrativa do país. O resto é especulação.
Se eu estivesse no lugar dela, a primeira que coisa que faria era nomear Lula para embaixador no Vaticano. Tanto no lado bom como no ruim, a proximidade do ex-presidente criará permanente constrangimento para ela e sua equipe.
Não que se duvide de sua capacidade para gerir ao mesmo tempo a política e a administração pública. Pelo que se conhece da personalidade e do estilo de Lula, por mais que ele se contenha, sempre haverá pontos de possíveis atritos.
Poucas vezes na história republicana um presidente criou um sucessor não à sua imagem e semelhança -difícil encontrar outro Lula na paisagem-, mas de acordo com seus objetivos próximos e remotos. Até que ponto Dilma dará conta do recado é questão em aberto.
Evidente que ela não governará para Lula nem pelo Lula, mas seu cacife pessoal não está nos quase 60 milhões de votos que recebeu nas urnas, atribuídos pacificamente ao próprio Lula.
No futebol, há jogadores que, quando entram em campo no lugar de outro, eletrizam a partida e a definem. No caso de Dilma, ela terá de jogar mais e melhor do que Lula.


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