São Paulo, domingo, 02 de janeiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

TENDÊNCIAS/DEBATES

Esperanças renovadas em Cancún

ALAN CHARLTON


O aspecto mais importante do Acordo de Cancún é que ele manda uma mensagem muito positiva: o processo das Nações Unidas está de volta, renovado

As expectativas para a 16ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas não eram altas. Ainda era clara a memória do desapontamento em Copenhague.
Mas um acordo foi selado, para a alegria e alívio dos 190 países que acreditam na ONU e em sua importância para um acordo global.
O ministro britânico de Relações Exteriores, William Hague, disse: "É um excelente resultado, não só para nossos esforços em combater as mudanças climáticas -centrais para nossa prosperidade e segurança coletiva- mas também para restaurar a confiança no multilateralismo. Num mundo interligado, temos que achar soluções comuns para problemas comuns".
O Acordo de Cancún avança em várias áreas. Foram tomadas decisões relacionadas à redução do desflorestamento, detalhando ações dos países desenvolvidos e em desenvolvimento relacionadas à redução das emissões, além do desenvolvimento de sistemas para medir, reportar e verificar a redução de emissões e ações de comprometimento.
A conferência também acordou um Fundo Verde, para apoiar políticas e atividades nos países em desenvolvimento.
A convite da presidência mexicana, a ministra brasileira do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e o ministro britânico para Energia e Mudanças Climáticas, Chris Huhne, tiveram um papel-chave nessa complexa problemática.
Essas decisões geram uma sólida fundamentação para o trabalho nos anos seguintes.
Pela primeira vez houve um compromisso internacional para "aprofundar cortes globais de emissões de gases de efeito estufa", assegurando o crescimento da temperatura média global abaixo de 2 graus.
Isso inclui o processo de adoção de metas para atingir o pico de emissões o mais rápido possível e reduzi-las substancialmente até 2050.
Mas o aspecto mais importante do Acordo de Cancún é que ele manda uma mensagem muito positiva: o processo das Nações Unidas está de volta, renovado. A comunidade internacional enviou um claro sinal da intenção de combate às mudanças climáticas. Governos e empresas estão encorajados a agir na prevenção às mudanças climáticas que ameacem a segurança e a prosperidade global.
Enquanto trabalhamos focados em Durban e no objetivo maior de um acordo global legalmente vinculante, o governo de coalizão britânico continuará a manter pressão internamente.
Pretendemos demonstrar como uma economia de baixo carbono próspera e bem-sucedida pode ser desenvolvida no Reino Unido e na União Europeia, gerando emprego, aumentando as exportações e a segurança energética e, também, reduzindo as emissões.
Foi apresentado ao Parlamento um relatório de energia que pode transformar radicalmente a eficiência energética das residências britânicas e empregar mais de 250 mil pessoas na próxima década.
Cancún representa um triunfo para o espírito de cooperação internacional no combate a uma ameaça internacional. Ainda há muito a se fazer rumo à conferência do clima em Durban, em 2011. Mas, com os resultados de Cancún, podemos retomar o tema com confiança renovada.

ALAN CHARLTON é embaixador do Reino Unido no Brasil.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br


Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES
Makhtar Diop: O meio que falta

Próximo Texto: Painel do Leitor
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.