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São Paulo, domingo, 02 de fevereiro de 2003

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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES

Petróleo: um rei todo-poderoso

Por mais que os americanos tentam negar, o que está por trás dessa vontade incontida de atacar o Iraque é o petróleo.
Os números são eloquentes. Os EUA têm apenas 5% da população do planeta Terra e consomem um terço da energia do mundo! Suas reservas de petróleo são apenas 2% do total mundial e caem dia a dia, enquanto o consumo aumenta. A situação é crítica.
As reservas de petróleo tornam-se cada vez mais concentradas no Oriente Médio, em especial Arábia Saudita, Iraque, Irã, Kuait e Emirados Árabes. Sozinhas, elas permitirão aumentar a oferta mundial de petróleo em 41% até 2020. No âmbito da Opep, a Arábia Saudita responde por 33% da produção, sendo logo seguida por Iraque (14%), Irã (13%), Kuait e Emirados Árabes (12% cada um).
Grandes investimentos estão sendo feitos no sentido de tornar as máquinas e equipamentos mais econômicos no uso do petróleo. Inúmeras tecnologias estão disponíveis e poderiam ser usadas com sucesso para reduzir o consumo do combustível. A tabela abaixo indica que, só no campo dos veículos, tais inovações poderiam diminuir o consumo nos Estados Unidos entre 40% e 65%.
Isso significa dizer que a guerra poderia ser evitada se a inteligência humana fosse colocada a serviço da humanidade, e não dos lobbies que lutam pela manutenção do atrelamento das economias modernas ao petróleo.
Mas não é só isso. A poupança de energia poderia ser ampliada de forma colossal, não só com inovações tecnológicas como, sobretudo, com mudanças de comportamento no campo da eletricidade.
Os EUA gastam cerca de 20% da eletricidade que produzem na forma de iluminação. Nesse campo, os desperdícios são enormes. A maioria dos espaços públicos, inclusive comerciais e até residenciais, é superiluminada com lâmpadas incandescentes. Lâmpadas modernas, conjugadas com refletores e outros aparatos, poderiam economizar até 70% da eletricidade consumida. É uma enormidade!
Mais do que isso, um melhor controle da iluminação em edifícios que ficam vazios e solitários durante a noite nas grandes cidades americanas poderia contribuir de forma positiva para reduzir ainda mais o criminoso desperdício.
Os brasileiros deram uma lição ao mundo quando, no ano de 2001, economizaram energia de forma disciplinada, o que evitou um colapso maior. Com certeza, George W. Bush, que preside um povo educado, teria grande sucesso ao promover o uso racional de energia em seu país, pondo de lado a voracidade de uma guerra que será catastrófica para a humanidade.


Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.


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