São Paulo, segunda-feira, 02 de fevereiro de 2004

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VINICIUS TORRES FREIRE

BBB4

SÃO PAULO - Não, não vai se tratar do "Big Brother Brasil 4", mas do "Brasil vai à Breca com o BC em 2004". A tolice é a mesma, mas os BBBs são mais inofensivos. Atingem apenas pornógrafos amadores e gente com mingau no lugar do cérebro.
Vai se tratar do BC, o Banco Central, apêndice do governo que define a taxa de juros, negocia a dívida, regula o estoque de dólares da União e fiscaliza muito mal e porcamente bancos e financistas.
O BC acha que há perigo de inflação. Homessa! Se vier inflação nesse ambiente de desemprego, salários esfolados há três anos e juros indecentes então o país acabou mesmo, não há mais dúvida. Que os EUA nos anexem. Não haveria mais falta de dólares, 70% dos brasileiros (pobres) teriam ao menos tantos direitos como as pessoas mais discriminadas dos EUA (negros) e, ora, viva, não teríamos mais de aturar as chatíssimas discussões sobre Alca.
Passou o tempo de levar a sério a algaravia ignorante, a lógica pedestre e o português analfabeto dessa gente do Banco Central. Havia risco de inflação no início de 2003? Havia. Foi preciso tomar medidas duras. Se os juros baixarem haverá rios de leite e mel? Não, o país não cresce só à base de juros baixos. O governo precisa economizar, fazer superávit fiscal para pagar a dívida? Precisa.
Mas o que essa gente do BC está fazendo, outra vez, é minar o país para explodi-lo em seguida: deixar o juro alto, o dólar barato e outras tolices.
O duríssimo corte de gasto público não basta para pagar os juros do BC. Falta dinheiro para energia, estrada, para não falar de água limpa e posto de saúde. Sem infra-estrutura e mais igualdade social, o país não tem como crescer de modo duradouro.
Capital externo? O país é ignorado pelo mundo, pois não cresce: ano passado entrou aqui pouco mais de US$ 1 bilhão de investimento estrangeiro de fato, ninharia perto da China.
Pior, o país parece anestesiado como quase sempre. Não há oposição afora o indizível PFL, os tucanos (roteiristas do filme-catástrofe) e os "radicais" babaístas e tolos do gênero.
A saída, por favor?



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