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Mobilidade urbana
QUASE UM terço dos brasileiros encontra dificuldades físicas para realizar algum tipo de tarefa cotidiana. Caminhar por mais de um quilômetro, subir ladeiras ou escadas,
abaixar-se ou curvar-se não são
atividades simples para muitas
dessas pessoas e constituem um
obstáculo para a sua mobilidade,
dentro ou fora de casa. Os dados
constam do estudo "Um Panorama da Saúde no Brasil", divulgado pelo IBGE.
O problema é maior entre os
mais velhos. Cerca de 72% das
pessoas acima dos 60 anos enfrentam algum tipo de limitação
física. Daí que não surpreenda o
aumento da parcela da população com entraves à sua mobilidade -que passou de 26,2%, em levantamento de 2003, para 29,1%
dos brasileiros, em 2008.
Não será apenas com exercícios físicos ou acompanhamento
médico que se reverterá tal tendência. Em grande medida ela
deriva de razões demográficas. O
aumento da expectativa de vida e
a queda na taxa de fecundidade
têm levado ao crescimento da fatia de idosos na população.
A pesquisa do IBGE impõe
considerações que ultrapassam
o âmbito das políticas de saúde
-que não devem, é claro, ser menosprezadas. Mobilidade, como
sabem as pessoas com deficiências físicas, é também um problema de planejamento urbano.
As grandes cidades do país têm
condições inadequadas para o
trânsito de uma parcela expressiva da população. Idosos, deficientes e doentes crônicos se
veem forçados a depender de
ajuda para se locomover.
É imperativo melhorar o
transporte público e torná-lo cada vez mais acessível. Mas não
basta. As pessoas precisam chegar até as estações de trem e metrô ou aos pontos de ônibus
-tanto quanto têm o direito de
andar a pé ou em cadeiras de rodas, se assim desejarem.
Parece banal, mas melhorar as
condições precárias das calçadas
e dos espaços públicos, bem como das faixas de pedestres, representaria uma revolução urbanística no país.
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