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São Paulo, sexta-feira, 02 de maio de 2003

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MARCELO BERABA

Segundo tempo

RIO DE JANEIRO - Depois de quatro meses acuada, a governadora do Rio, Rosinha Garotinho, retomou a iniciativa política. Na quarta-feira, ao participar de vários eventos com o presidente Lula e, em seguida, embarcar com ele para Brasília no avião presidencial, sua fisionomia já não revelava a mesma tensão e irritabilidade das últimas semanas.
Dois fatos contribuíram para a mudança. Primeiro, a nomeação do próprio marido, o ex-governador Anthony Garotinho, para o cargo de secretário de Segurança. A simples indicação abafou as brigas que vinham dividindo a cúpula das polícias e gerou, como em toda renovação, novos prazos para cobranças.
A outra cartada foi o encerramento precoce da CPI do "Propinoduto", que investiga as denúncias de corrupção na Secretaria da Fazenda durante o período Garotinho.
O descontrole na área da segurança, as suspeitas de corrupção e o colapso das finanças do Estado provocaram a crise que se abateu sobre o governo e afetou a sua popularidade.
A administração entra agora numa nova fase. Vale observar se as peças mexidas pela governadora surtirão efeito duradouro e consistente. Alguns problemas são evidentes.
O equilíbrio das contas públicas vai depender, como sempre, de cortes, do aumento da arrecadação (santo petróleo, zelai por nós!) e de um bom entendimento com o governo federal.
O problema da segurança não se resolve com um xerife forte. Não é verdade que faltava pulso. Faltava e falta política de segurança séria, sem bravatas e marketing eleitoreiro.
O encerramento da CPI da corrupção é uma demonstração de força da governadora na Assembléia Legislativa, mas não será suficiente para estancar a investigação que já vai longe na Justiça Federal. Apenas veda a vitrine política que expunha o desconforto do governo.
A velocidade com que novos e surpreendentes personagens são envolvidos na trama criminosa indica que o caso está longe do fim.


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