São Paulo, segunda-feira, 02 de maio de 2005 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Fim de papo
ALOYSIO NUNES FERREIRA
O cumprimento dos desígnios do sr. Falcão, da bancada petista e dos grandes credores (empreiteiros, como os do túnel Rebouças, concessionários da limpeza urbana, Eletropaulo, empresários de ônibus) a quem eles serviram no governo e continuam a servir na oposição acarretaria o ônus catastrófico da interrupção dos serviços municipais. Longe de mim fazer pouco caso das dores de cabeça dos que, de boa-fé, firmaram contratos com a prefeitura na gestão anterior. Para muitos deles o calote tomou a forma ultrajante do cancelamento dos empenhos. Empenhar significa dar em penhor, comprometer-se. Na administração pública, empenhar significa reservar em parte, ou no todo, um determinado crédito orçamentário para fazer face a uma determinada despesa. Com base nesse penhor, nesse compromisso de que haverá recursos para o pagamento dos valores acordados, os particulares contratam com o poder público. Pois bem, faltando três dias para o fim da gestão Marta-Ruy Falcão, a prefeitura cancelou o empenho de cerca de R$ 600 milhões, deixando os credores a ver navios. Foi mais grave do que romper contratos: rompeu-se a relação de confiança na administração, atingiu-se a credibilidade do município, a base ética dos contratos. Resta-nos consertar o estrago: estamos pagando rigorosamente em dia as contas de 2005 e lutando na Justiça para satisfazer em primeiro lugar os mais vulneráveis dos fornecedores da prefeitura, os que têm a receber até R$ 100 mil por contrato e que representam 93% do total. Não quero gastar papel, tinta e tempo comentando fantasmagorias petistas do tipo Conselho de Representantes, impugnado pelo Ministério Público por abrigar um terço dos seus membros por indicação dos partidos políticos. Ou o Orçamento Participativo, convescotes inócuos cujas recomendações nunca saíram do papel. Eles são meros berloques ideológicos para enfeitar o duro pragmatismo de um partido que aderiu com desenvoltura espantosa ao vale-tudo da "Realpolitik" municipal. Respeito sua honestidade pessoal e sua história de luta pela democracia e pela justiça em nosso país, mas, em matéria de gestão pública, não tomo mais conhecimento de suas homílias enquanto seus companheiros não explicarem o desastre que fabricaram no túnel da Rebouças. Fim de papo! Aloysio Nunes Ferreira Filho, 59, advogado, deputado federal licenciado (PSDB-SP), é o secretário de Governo do município de São Paulo. Foi ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República e ministro da Justiça (governo Fernando Henrique). @ - aloysion@uol.com.br Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Eliezer Pacheco: O item cor/raça no Censo Escolar Índice |
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