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PAINEL DO LEITOR
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Presídios e educação
"A leitora Ligia Paiva Martins de
Oliveira ("Prisões", "Painel do Leitor", 26/4) fez uma abordagem sobre o editorial "Cárceres lotados"
(Opinião, 25/4) e assume que "não
deveríamos construir mais presídios, e sim melhorar a educação e a
distribuição de renda, evitando os
encarceramentos".
Meu pai, 73 anos de idade, comentou comigo a nótula com o título acima e me disse que, desde
quando jovem (lá pelos idos de
1955), já lia frases como as da leitora Ligia. E chegou a comparar o
evento com a história daquele lutador de boxe que, em cima do rinque, ficava indeciso se atacava com
a direita ou com a esquerda e, nesse
impasse, era nocauteado rotineiramente pelo adversário.
A edificação
de presídios e a construção de escolas têm que ser simultâneas, ou infalivelmente seremos nocauteados.
E não se pode asseverar que educação e distribuição de renda evitam criminalidade ou bandidagem.
E uma das provas irrefutáveis em
relação a isso está aí, com uma clareza solar impressionante: os nossos políticos. Não têm eles instrução, escolaridade e os mais invejados salários?"
JAY MURDOCH (Uberaba, MG)
"É lamentável receber o jornal de
sábado e ver a manchete "Número
de homicídios cresce 23% na capital" ao lado mais uma pérola dos responsáveis pelos direitos humanos
("Em SP, 40% dos adolescentes não
deveriam estar internados').
Até quando vamos aceitar passíveis que um grupo de formadores
de delinquentes fale e promova
ações contra a população e os seus
verdadeiros representantes?
Sou contra as condições subumanas dos cárceres e do sistema prisional. Entendo que uma reforma
seja mais que urgente. Sou contra a
pena de morte e a violência contra
qualquer pessoa, mas sou a favor de
penas mais rígidas, longas e sérias.
Um pensamento: "Todo grande
alcoólatra começou no primeiro gole". Será que todo marginal começou com o roubo de R$ 1 milhão?"
JUSSY EDUARDO COSTA, pastor, diretor-executivo da Ordem dos Pastores Batistas-secção São Paulo (Carapicuíba, SP)
Insepultos
"Ao ler o interessante artigo de
Ruy Castro de ontem ("Mortos sem
sepultura", Opinião), por um momento achei que ele fosse falar dos
enterrados vivos nos morros do Rio
de Janeiro ou dos milhões de brasileiros, de todas as idades, que já são
considerados defuntos por não terem mais chance de conseguir trabalho ou um mínimo de dignidade.
Ah se todos os mortos sem sepultura pudessem levar a vida dos
magnatas do cinema americano!"
JAIME PEREIRA DA SILVA (São Paulo, SP)
Torturas
"Durante a ditadura, houve excessos contra pessoas que, por livre
iniciativa, optaram pela luta armada. Eram pessoas que tinham consciência do que faziam, pois, em sua
maioria, tinham condições de estudar em bons colégios e universidades, portanto pertenciam a uma elite. Foram presas e até torturadas. A
Lei da Anistia, se não foi o melhor,
ajudou a restaurar a democracia no
país.
Mas há torturas que continuam a
existir no Brasil, e em relação a elas
nem a OAB nem outras organizações reagem com tanto empenho.
Posso citar as crianças que morreram no Maranhão recentemente
e as centenas de outras que morreram no Pará há poucos anos, além
das inúmeras pessoas que não conseguem começar um tratamento
contra o câncer ou outra doença séria, pois morrem antes de serem
atendidas -por conta do desvio de
dinheiro público feito por políticos,
que tiram justamente dos necessitados a possibilidade de melhorar a
qualidade de vida.
Contra essas torturas, que atingem muito mais brasileiros que os
torturados naqueles tempos da ditadura, não vemos UNEs, CUTs
CGTs e OABs saírem às ruas e exigirem uma punição para essa gente
que tortura e mata sem precisar
prender."
FRANCISCO DA COSTA OLIVEIRA (São Paulo, SP)
Violência
"O consulado dos Estados Unidos
corretamente alertou os seus conterrâneos para que não visitem a
terra de ninguém chamada Baixada
Santista.
Além de estarem sujeitos a um
enxame de dengue e a viroses mil,
podem receber de brinde uma bala
perdida ou serem assaltados.
Para a coisa ficar mais clara, um
papagaio de pirata deu uma entrevista dizendo que o problema das
mortes, que é real, pois já morreram mais de 20 pessoas em 15 dias,
é na periferia.
Então na periferia pode matar?
Será que mataram pouco ainda? Será que gente honesta não mora na
periferia? Será que gente da periferia não deve ter segurança?
É por essas e por outras que o
Brasil é o país do faz de conta. Fazemos de conta que existem leis e que
há pessoas interessadas em resolver os problemas.
No Brasil, cada um cuida de si. E
os outros, principalmente os descamisados, que morram."
ANTONIO JOSE G. MARQUES (São Paulo, SP)
"É verdade que a administração
estadual em relação à segurança
pública deixa muito a desejar, principalmente nas periferias das grandes cidades do Estado. Contra fatos
não há argumentos.
Mas quem são os EUA para dar o
bom exemplo de segurança pública
para o Brasil, colocar cidades de
nossa região, inclusive Santos, numa lista de localidades com alto índice de violência e recomendar que
seus cidadãos as evitem?
O governo estadunidense parece
esquecer que todas as suas principais cidades estão à mercê dos cartéis de drogas mexicanos, com índices de violência estarrecedores.
Entram as drogas e saem as verdinhas. E as armas usadas pelo traficantes mexicanos, não são todas
estadunidenses?"
LUIZ FERNANDO PETTINATI HOMEM DE BITTENCOURT
(Santos, SP)
Cana
"Em relação ao texto "Entidade
do setor de cana diz que não recebeu denúncias" (Dinheiro, 15/4),
gostaria de dizer que as associações
de plantadores de cana representadas pela Orplana são mantidas pelos plantadores por força de lei, de
forma compulsória.
Não temos a opção de fazer os recolhimentos de taxas espontaneamente. São as usinas que fazem os
descontos em nossas canas comercializadas e depois os repassam para as associações. A meu ver, há
uma contaminação nos interesses
da classe.
Uma minuta de contrato do Consecana deixa clara a questão de "exclusividade" e "longevidade" dos
contratos de fornecimento, o que
vai contra a liberdade de comércio.
O ATR relativo [média entre o
volume de açúcar da cana no início,
no meio e no fim da safra] pune o
pequeno produtor, por ter que dividir a necessidade das usinas em
moer cana verde em início de safra.
Nós, produtores, não temos um
cardápio de produtos industrializados para compensar o prejuízo na
lavoura.
O Ministério Público deveria
acompanhar não só a questão tributária do setor sucroalcooleiro
mas também a forma como este adquire a matéria-prima."
PLÍNIO DE MATTOS (Jaú, SP)
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