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SEMANA DA SEGURANÇA
O Legislativo pretende criar
um fato político com a aprovação, no atacado, de 17 projetos relativos à segurança pública. A Semana
da Segurança, como está sendo chamada, deverá ter lugar, na Câmara,
de 23 a 27 de junho. Como esta Folha
já teve oportunidade de comentar, há
méritos em muitos dos projetos a serem apreciados pelos parlamentares,
embora outros mereçam censura.
É lógica, por exemplo, a iniciativa
de retirar o foco da ação repressiva
do usuário de drogas, deixando de
tratá-lo como criminoso. No mesmo
sentido, são elogiáveis medidas como a criação de um documento único de identidade ou o aperfeiçoamento da legislação sobre lavagem
de dinheiro. É duvidoso, por outro
lado, o efeito prático do endurecimento das penas.
Não cabe aqui comentar os 17 projetos, mas alertar para o fato de que a
situação da segurança pública no
Brasil não irá se modificar com efeitos de "marketing" político, como
deverá ser a referida Semana da Segurança. Tampouco o enfrentamento do grave quadro de criminalidade
e violência poderia ser resumido a
uma simples questão de aperfeiçoamento das leis.
Há inúmeras iniciativas a serem tomadas para melhorar a segurança
nos marcos da atual legislação. Nenhuma nova lei, por exemplo, irá diminuir por si só a incidência de corrupção na polícia. Não será também
um novo diploma legal que poderá
evitar a fuga de um perigoso sequestrador do Rio pelo portão principal
do quartel do Batalhão de Choque da
Polícia Militar -para citar um gritante caso recente.
O próprio ministro da Justiça tem
manifestado suas reservas quanto
aos resultados do que costuma chamar de "legislação de pânico", ou seja, esses surtos legislativos que acometem o país quando a insegurança
atinge níveis insuportáveis. De fato,
mais importante do que o aperfeiçoamento das leis ou o agravamento
das penas é fazer com que a legislação seja efetivamente cumprida.
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