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RUY CASTRO
Artista brasileiro
RIO DE JANEIRO - "Sgt. Pepper's", o LP dos Beatles, fez ontem
40 anos e está sendo justamente comemorado. Sobram louvações a seu
repertório, arranjos, interpretações
e ao LP em si, em termos gráficos e
conceituais. Para os intrépidos, é o
maior disco de música popular de
todos os tempos. A ver.
Não se discutem a riqueza musical e a beleza física do produto. São
tantas as qualidades, aliás, que não
é preciso inventar outras a que ele
não faz jus. Não foi, por exemplo, o
primeiro LP "conceitual" da história -ou seja, gravado com uma unidade temática ou sonora, em vez de
uma coletânea de faixas soltas, como se diz que era a regra.
Em 1967, LPs "conceituais" eram
tão comuns quanto andar para a
frente. Nos dez anos anteriores,
Frank Sinatra, na Capitol, Ella Fitzgerald, na Verve, e Louis Armstrong, na Decca, já tinham gravado
dezenas com essas características.
Na verdade, antes até da invenção
do LP já se gravavam álbuns "conceituais" de discos em 78 rpm, inclusive no Brasil, como o "Mario
Reis apresenta Sinhô", da Continental, em 1951.
E "Sgt. Pepper's" não foi também
o primeiro a trazer as letras das
canções impressas -no caso, na
parte interna da capa dupla. Daqui
de onde estou, vejo vários LPs brasileiros anteriores e com as letras
na contracapa: "Se Acaso Você Chegasse", com Elza Soares, de 1960; o
essencial "O Amor, o Sorriso e a
Flor", com João Gilberto, idem, de
60; e "Malandro em Sinuca", com
Moreira da Silva, de 1961. Mas nenhum mais radical do que "A Noite
de Meu Bem", com Lucio Alves, de
1959: seis letras na capa e as outras
seis na contracapa.
Todos esses LPs eram da Odeon e
tinham como diretor de arte Cesar
G. Villela, famoso depois pelo visual
da gravadora Elenco. Mas Cesar é
apenas um grande artista brasileiro
-não conta.
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