São Paulo, sexta-feira, 02 de julho de 2004

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CRESCIMENTO E CAUTELA

As vendas da indústria de transformação do Estado de São Paulo cresceram 4,9% em maio em comparação com o mês de abril, segundo dados divulgados pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). No cotejo com igual mês de 2003, quando o setor passava por um quadro recessivo, o aumento foi de 25,7%. De janeiro a maio, as vendas da indústria paulista subiram 20,4% em relação ao mesmo período do ano passado.
O levantamento mostra também que houve elevação de 0,9% do total de salários reais em relação a abril e de 9% na comparação com maio de 2003. Já o salário real médio teve leve aumento, de 0,4%, de abril para maio e de 7% na comparação com o mesmo mês de 2003.
Os números demonstram que a recuperação econômica verificada no primeiro trimestre continua em curso, o que reforça a previsão de crescimento do PIB em torno de 3,5% para este ano. Constatar o reaquecimento econômico não implica, no entanto, alimentar ilusões a respeito das características desse processo. Os dados relativos ao desempenho da economia que vêm sendo divulgados devem ser observados com a necessária precaução, devido à fraca base de comparação do ano de 2003.
Até aqui, assiste-se a uma recuperação econômica cíclica, que se segue a um período de recessão. Para que esse movimento de reaquecimento da atividade venha a se transformar numa trajetória contínua e robusta de expansão do PIB ainda há desafios importantes a vencer.
A área econômica do governo vem emitindo sinais de que agora o fundamental é cumprir a chamada agenda microeconômica, ou seja, avançar em questões como regras e garantias para os investimentos, de modo a estimular a ampliação da infra-estrutura e da capacidade produtiva. Não há dúvida de que essa agenda é de grande interesse para o país, mas ela não pode servir para ocultar a permanência de alguns graves problemas de ordem macroeconômica.
O elevado endividamento público, a pesada carga tributária, a vulnerabilidade externa e cambial, além dos altos juros, são fatores que ainda permanecem em cena, alimentando incertezas quanto à qualidade e a capacidade de sustentação do crescimento econômico no país.


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