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ELIANE CANTANHÊDE
Quem avisa amigo é
BRASÍLIA - O PT fechou seu quadro eleitoral com cabeças-de-chapa em
23 das 26 capitais e em mais de 70 das
91 cidades acima de 150 mil eleitores.
É muito. E gera enorme desequilíbrio
na aliança nacional e ciumeira no
PL, no PTB e no PC do B.
O presidente nacional do PT, José
Genoino, avisa com todas as letras
que os candidatos do partido que não
deslancharem poderão abrir mão em
favor de aliados em melhores condições na disputa.
"O PT tem muitas cabeças-de-chapa e vai ter de ceder algumas. Nossa
prioridade é quem tem reais chances
de vencer. Se for do PT, ótimo. Se não,
que seja um aliado", disse ele.
"Os nossos parceiros querem reciprocidade nos Estados e municípios,
mas a coisa mais difícil do mundo
tem sido convencer o PT de que o
projeto nacional é o mais importante.
O PT não pode querer ficar com tudo
sozinho", acrescentou.
O PL apóia candidatos do PT em
São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte, por exemplo. O PTB, em São
Paulo, Belo Horizonte e Curitiba. O
PC do B, em quase 20 capitais, inclusive São Paulo.
A recíproca, entretanto, não é verdadeira. Segundo Genoino, o ideal
teria sido uma espécie de compensação com o apoio petista em outras cidades, o que nem sempre ocorreu. O
PT é duro na queda nas alianças.
Marta Suplicy pode ter cometido
seu maior erro eleitoral ao rejeitar o
apoio do PMDB em São Paulo sob o
argumento de que "não é confiável"
(e ela bem que tem boas razões...).
Mas o que Genoino mais lamenta é
Fortaleza, onde o PT insistiu na candidatura de Luizziane Lins em vez de
apoiar o favorito, Inácio Arruda, do
PC do B. Que, aliás, é sempre confundido como petista nas pesquisas.
O presidente do PTB, Roberto Jefferson, chorou ao apoiar Marta. O do
PL, Valdemar da Costa Neto, foi
vaiado por petistas no enterro de Brizola no Sul. Essas coisas podem até se
justificar na política local, mas costumam ser péssimas para quem é governo e precisa de aliados.
Tudo em política tem preço. E
apoio não se paga com vaia.
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