São Paulo, sexta-feira, 02 de julho de 2004

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ELIANE CANTANHÊDE

Quem avisa amigo é

BRASÍLIA - O PT fechou seu quadro eleitoral com cabeças-de-chapa em 23 das 26 capitais e em mais de 70 das 91 cidades acima de 150 mil eleitores. É muito. E gera enorme desequilíbrio na aliança nacional e ciumeira no PL, no PTB e no PC do B.
O presidente nacional do PT, José Genoino, avisa com todas as letras que os candidatos do partido que não deslancharem poderão abrir mão em favor de aliados em melhores condições na disputa.
"O PT tem muitas cabeças-de-chapa e vai ter de ceder algumas. Nossa prioridade é quem tem reais chances de vencer. Se for do PT, ótimo. Se não, que seja um aliado", disse ele.
"Os nossos parceiros querem reciprocidade nos Estados e municípios, mas a coisa mais difícil do mundo tem sido convencer o PT de que o projeto nacional é o mais importante. O PT não pode querer ficar com tudo sozinho", acrescentou.
O PL apóia candidatos do PT em São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte, por exemplo. O PTB, em São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba. O PC do B, em quase 20 capitais, inclusive São Paulo.
A recíproca, entretanto, não é verdadeira. Segundo Genoino, o ideal teria sido uma espécie de compensação com o apoio petista em outras cidades, o que nem sempre ocorreu. O PT é duro na queda nas alianças.
Marta Suplicy pode ter cometido seu maior erro eleitoral ao rejeitar o apoio do PMDB em São Paulo sob o argumento de que "não é confiável" (e ela bem que tem boas razões...). Mas o que Genoino mais lamenta é Fortaleza, onde o PT insistiu na candidatura de Luizziane Lins em vez de apoiar o favorito, Inácio Arruda, do PC do B. Que, aliás, é sempre confundido como petista nas pesquisas.
O presidente do PTB, Roberto Jefferson, chorou ao apoiar Marta. O do PL, Valdemar da Costa Neto, foi vaiado por petistas no enterro de Brizola no Sul. Essas coisas podem até se justificar na política local, mas costumam ser péssimas para quem é governo e precisa de aliados.
Tudo em política tem preço. E apoio não se paga com vaia.


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