São Paulo, sexta-feira, 02 de julho de 2004

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CLAUDIA ANTUNES

Que rótulo cola?

RIO DE JANEIRO - Favorito nas pesquisas para a eleição de outubro no Rio, o prefeito Cesar Maia tem telhado de vidro, atacaram seus adversários no debate de ontem da TV Globo: é "omisso" na segurança pública, "desumano" na gestão da saúde e "empurra" problemas graves da cidade para outras esferas de governo.
Mas os oponentes de Maia também não são palatáveis a todos os eleitores, vê-se pelas críticas e definições mútuas. Marcelo Crivella é "bispo" da Igreja Universal e, do mesmo partido do vice-presidente da República, integra o governo do mínimo de R$ 260. O petista Jorge Bittar idem, e votou pela "taxação" dos inativos. Luiz Paulo Conde é "vice-governador" de Rosinha Garotinho. Jandira Feghali é do "Partido Comunista".
Os candidatos dão o troco quando se autodefinem. Maia prestigia o servidor público, impôs "ordem" na cidade, teme a volta "aos tempos da bagunça e da anarquia". Crivella é "engenheiro", já foi "surfista", quer tratar "da alma e do coração" dos cariocas. Bittar, "amigo de Lula", vai "construir parcerias", trabalhar com a União para o desenvolvimento do Rio. Jandira é "médica", sabe "cuidar de gente". Conde vê os eleitores com "saudades" da administração dele como prefeito.
São 30 segundos para a pergunta do candidato, um minuto para a resposta do adversário, 45 segundos para réplica, o mesmo para a tréplica. Há um esforço para que os debates eleitorais na televisão sejam dinâmicos, rápidos. Não dá para discutir em profundidade os problemas da cidade. Se o espectador já boceja com o formato de agora, ele suportaria se fosse diferente?
Ganham pontos, no ataque e na defesa, os que encontram as palavras certas para tocar o ânimo momentâneo do eleitor. É um exercício de emplacar a definição mais eficiente de si e do outro, de encontrar os rótulos certos que marquem, de maneira positiva ou negativa (o que é sempre subjetivo), a própria candidatura e as dos adversários.


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