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CLAUDIA ANTUNES
Que rótulo cola?
RIO DE JANEIRO - Favorito nas pesquisas para a eleição de outubro no
Rio, o prefeito Cesar Maia tem telhado de vidro, atacaram seus adversários no debate de ontem da TV Globo: é "omisso" na segurança pública,
"desumano" na gestão da saúde e
"empurra" problemas graves da cidade para outras esferas de governo.
Mas os oponentes de Maia também
não são palatáveis a todos os eleitores, vê-se pelas críticas e definições
mútuas. Marcelo Crivella é "bispo"
da Igreja Universal e, do mesmo partido do vice-presidente da República,
integra o governo do mínimo de R$
260. O petista Jorge Bittar idem, e votou pela "taxação" dos inativos. Luiz
Paulo Conde é "vice-governador" de
Rosinha Garotinho. Jandira Feghali
é do "Partido Comunista".
Os candidatos dão o troco quando
se autodefinem. Maia prestigia o servidor público, impôs "ordem" na cidade, teme a volta "aos tempos da
bagunça e da anarquia". Crivella é
"engenheiro", já foi "surfista", quer
tratar "da alma e do coração" dos cariocas. Bittar, "amigo de Lula", vai
"construir parcerias", trabalhar com
a União para o desenvolvimento do
Rio. Jandira é "médica", sabe "cuidar
de gente". Conde vê os eleitores com
"saudades" da administração dele
como prefeito.
São 30 segundos para a pergunta
do candidato, um minuto para a resposta do adversário, 45 segundos para réplica, o mesmo para a tréplica.
Há um esforço para que os debates
eleitorais na televisão sejam dinâmicos, rápidos. Não dá para discutir em
profundidade os problemas da cidade. Se o espectador já boceja com o
formato de agora, ele suportaria se
fosse diferente?
Ganham pontos, no ataque e na defesa, os que encontram as palavras
certas para tocar o ânimo momentâneo do eleitor. É um exercício de emplacar a definição mais eficiente de si
e do outro, de encontrar os rótulos
certos que marquem, de maneira positiva ou negativa (o que é sempre
subjetivo), a própria candidatura e
as dos adversários.
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