São Paulo, domingo, 02 de julho de 2006

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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES

O Brasil e a agricultura

ROBERTO RODRIGUES votou em José Serra para presidente da República. Apesar disso, o presidente Lula convidou-o para o Ministério da Agricultura, reconhecendo nele um técnico de alta competência e um cidadão filiado ao PB, o Partido do Brasil.
O trabalho do ministro à frente da pasta da Agricultura foi imenso, usando tudo o que aprendeu na sua longa carreira de produtor rural, líder cooperativista e professor universitário. Ele, que já gozava de ampla reputação internacional, alargou ainda mais seu prestígio ao alcançar grandes conquistas para o Brasil na OMC e em outros fóruns internacionais, onde lutou permanentemente contra o deslavado protecionismo dos países ricos.
Isso era essencial. Afinal, a agropecuária é um setor estratégico para o desenvolvimento do nosso país, e os avanços tecnológicos e os ganhos de produtividade conquistados nos últimos anos são reconhecidos por todos.
Ao lado de sua competência técnica, Roberto Rodrigues defendeu com veemência o mais fundamental dos princípios democráticos: o direito de propriedade. Ele sabe muito bem que, quando o produtor perde a segurança na sua fazenda, começa aí o fim da produção e do progresso.
Rodrigues foi um homem de diálogo. Com os produtores, procurou recolher suas reivindicações e explicar as limitações do governo. No estouro da febre aftosa, foi o primeiro a mobilizar os parcos recursos do ministério para evitar o alastramento da doença.
Roberto sempre foi um homem animado. Conheço-o há muitos anos. O entusiasmo é a marca de sua ação e a criatividade é o guia de suas propostas. Foi o único ministro que realizou um plano de longo prazo, com metas e recursos definidos para saber o que será da agricultura brasileira daqui a 5, 10, 15 e 20 anos.
Penso que o governo Lula perdeu um dos seus melhores quadros. Mas, com a altivez que lhe é peculiar, Rodrigues não se queixou de nada. Simplesmente considerou sua missão cumprida, sabendo que dali em diante nada mais podia fazer. Mas deixou grandes exemplos de conduta ética, retidão e patriotismo que, certamente, serão registrados pela história.
Roberto Rodrigues tem muito a contribuir ao país. É moço. Inteligente. Inovador. E, sobretudo, um líder respeitado. Muitas tarefas o esperam para o bem do Brasil e o desenvolvimento da agricultura. Por ora, caro Roberto, aceite meu abraço e minha solidariedade e desfrute a tranqüilidade que você tanto merece.


antonio.ermirio@antonioermirio.com.br

ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
escreve aos domingos nesta coluna.


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