São Paulo, quarta-feira, 02 de julho de 2008

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CLÓVIS ROSSI

De bicicleta

PARIS - O casalzinho, bem jovem, deixa o hotel, a passos da avenue Montaigne, que é talvez a maior concentração por metro quadrado de grifes de luxo do planeta, quase todas de preços que dão até medo de olhar, quanto mais de entrar.
Imagino que o casal vai subir a algum Mercedes. Talvez uma limusine, até porque, horas antes, uma interminável limusine branca, enfeitada com flores de laranjeira, havia deixado uma noiva na mesma rua, à porta da igreja de Nossa Senhora da Consolação.
Nada disso. Cada um monta em uma bicicleta, duas das 15 mil que a Prefeitura de Paris espalhou por 1.200 estações em toda a cidade, para alugar (a primeira meia hora é grátis).
O sistema chama-se "vélib", está em operação desde meados do ano passado e fez com que o uso de bicicletas (as próprias e as alugadas pela prefeitura) aumentasse 68% no quatro trimestre de 2007, na comparação com idêntico período do ano anterior.
Não é que o "vélib" me surpreenda. Passava um período em Paris justamente quando as estações estavam sendo construídas. O que surpreende é que seja usado na área em torno da avenue Montaigne, que é o equivalente aos Jardins em São Paulo. Não consigo imaginar que algum casal hospedado ou residente nos Jardins saia para passear de bicicleta. De moto, ainda vá lá. Mas, mais provavelmente, de helicóptero.
Não encontrei dados sobre melhoria no trânsito a partir da introdução do sistema. No "olhômetro", parece igual ao do período prévio ao "vélib". Há congestionamentos, mas nada que se aproxime do que se vive nos últimos muitos anos em São Paulo.
É um modelo copiável? Do ponto de vista ambiental, parece interessante. Mas você acha que São Paulo é suficientemente civilizada para que carros e motos não atropelem os ciclistas?

crossi@uol.com.br


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