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KENNETH MAXWELL
Madoff
NA SEGUNDA-FEIRA , em um
tribunal federal de Manhattan, o juiz de primeira
instância Denny Chin sentenciou
Bernard Madoff a 150 anos de prisão. Era o máximo que a lei permitia para as 11 acusações nas quais o
empresário admitiu ser culpado.
Madoff foi condenado por perpetrar uma fraude avaliada em cerca de US$ 65 bilhões. O juiz Chin
afirmou que, "em termos objetivos,
a fraude que temos aqui é inacreditável". A sentença de Madoff, ele
declarou, refletia ao menos três razões: castigo, dissuasão e justiça
para as vítimas. "É preciso enviar a
mensagem de que os crimes de
Madoff foram extraordinariamente malévolos."
O antigo "administrador de fundos", de 71 anos, evidentemente se
tornou um símbolo da ganância e
dos excessos dos anos de boom financeiro. Mas resta o fato de que,
até o começo de dezembro do ano
passado, quando seu esquema
fraudulento começou a se desmantelar, Madoff era considerado um
pilar da elite financeira.
Foi essa posição que lhe deu a liberdade para persistir por tanto
tempo. Afinal, ele havia sido presidente da bolsa de valores Nasdaq. A
escala de sua queda é um indicador
das dimensões atingidas por sua
passada reputação como financista
que garantia retornos firmes e elevados aos seus investidores.
E esses investidores incluíam alguns dos maiores bancos do mundo, como o Santander e o Royal
Bank of Scotland; muitas celebridades, entre as quais Steven Spielberg e Jeffrey Katzenberg, da
Dreamworks; muitas fundações,
tais como a de Elie Wiesel, laureado com o Nobel da Paz, e Mortimer
Zuckerman, dono dos jornais
"New York Daily News" e "US
News and World Report", além de
milhares de outros indivíduos, entre os quais a atriz Zsa Zsa Gabor,
91. Entre os maiores prejudicados
estão membros da comunidade judaica em Nova York, Palm Beach e
Denver, que confiavam em Madoff
como correligionário.
O fato de que Madoff estava despindo um santo para vestir outro
não era desconhecido. Muita gente
suspeitava, e algumas pessoas tinham certeza, de que ele operava
um gigantesco esquema Ponzi.
Harry Markopoulos, um investigador de fraudes de Boston, alertou
por cinco vezes, entre 2000 e abril
de 2008, o órgão de fiscalização do
setor de valores mobiliários dos
Estados Unidos, a Securities and
Exchange Commission (SEC),
quanto ao que estava acontecendo,
com análises detalhadas sobre o
funcionamento do esquema. Mas
seus alertas foram ignorados.
Ainda que a condenação de Madoff seja digna de nota, uma conclusão inescapável a extrair do escândalo que o envolveu é que a
agência federal norte-americana
encarregada de proteger os investidores fracassou em sua missão.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras
nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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