|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EMÍLIO ODEBRECHT
Empresários e empresários
AO LONGO DOS meus mais de
40 anos de trabalho, tive a
oportunidade de conviver
com empresários e empresários.
Sim, podemos separá-los em grupos bem distintos. Dessa convivência, recolhi aprendizados que me
permitem apontar algumas diferenças que os caracterizam.
Há aqueles que jamais estão satisfeitos e os que se satisfazem com
os resultados que já alcançaram.
Os que criam novos mercados e os
que se limitam a aumentar a participação no mercado existente. Os
que buscam surpreender os clientes com inovações e os que se contentam em satisfazer necessidades. Os que pensam no longo prazo,
com visão de estadista, e os que são
imediatistas e mercenários.
Os que tomam decisões intuitivas e os que são lógico-racionais.
Os que são criativos e fazem as coisas acontecer e os que esperam que
as coisas aconteçam. Os que formulam e desenham o caminho para aonde querem ir e os que simplesmente reagem. Os que acertam
mais do que erram -e, quando erram, viram a página e usam o erro
como fonte de aprendizado, e os
que preferem se lastimar pelos erros cometidos. Os que analisam o
custo-benefício e os que se preocupam apenas com os custos.
Às características associadas aos
que figuram no primeiro grupo acima, acrescento que um empresário
autêntico:
- Prioriza a obtenção do lucro,
mediante decisões com foco na satisfação dos clientes e no aumento
crescente de produtividade;
- Busca sempre maiores lucros,
mas os destina prioritariamente ao
fortalecimento da empresa, visando seu crescimento qualitativo e
quantitativo;
- Tem seu patrimônio pessoal e
seu destino -planos de vida e carreira- "casados" com a empresa;
- Zela para a empresa se manter
no rumo da sobrevivência, do crescimento e da perpetuidade;
- Tem consciência de que suceder e ser sucedido são responsabilidades que assume com as novas
gerações, os clientes, os acionistas
e o futuro da empresa;
- Sabe se autoavaliar, visando o
próprio desenvolvimento e a identificação de equipes e parceiros que
lhe sejam complementares;
- Reconhece os parceiros talentosos como agentes do desenvolvimento da empresa e sabe estimular, delegando responsabilidades
maiores que a condição momentânea do indivíduo porque confia no
potencial das pessoas;
- É um líder educador e pratica a
pedagogia da presença, compartilhando tempo, presença, experiência e exemplos;
- Divide os acertos e assume os
erros;
- É humanista e flexível, mas não
é frágil;
- Tem consciência plena da responsabilidade social, cultural e
ambiental da empresa que dirige.
EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta
coluna.
Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Scliar e Bush Próximo Texto: Frases
Índice
|