São Paulo, domingo, 02 de agosto de 2009

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EMÍLIO ODEBRECHT

Empresários e empresários

AO LONGO DOS meus mais de 40 anos de trabalho, tive a oportunidade de conviver com empresários e empresários.
Sim, podemos separá-los em grupos bem distintos. Dessa convivência, recolhi aprendizados que me permitem apontar algumas diferenças que os caracterizam. Há aqueles que jamais estão satisfeitos e os que se satisfazem com os resultados que já alcançaram.
Os que criam novos mercados e os que se limitam a aumentar a participação no mercado existente. Os que buscam surpreender os clientes com inovações e os que se contentam em satisfazer necessidades. Os que pensam no longo prazo, com visão de estadista, e os que são imediatistas e mercenários.
Os que tomam decisões intuitivas e os que são lógico-racionais.
Os que são criativos e fazem as coisas acontecer e os que esperam que as coisas aconteçam. Os que formulam e desenham o caminho para aonde querem ir e os que simplesmente reagem. Os que acertam mais do que erram -e, quando erram, viram a página e usam o erro como fonte de aprendizado, e os que preferem se lastimar pelos erros cometidos. Os que analisam o custo-benefício e os que se preocupam apenas com os custos.
Às características associadas aos que figuram no primeiro grupo acima, acrescento que um empresário autêntico:
- Prioriza a obtenção do lucro, mediante decisões com foco na satisfação dos clientes e no aumento crescente de produtividade;
- Busca sempre maiores lucros, mas os destina prioritariamente ao fortalecimento da empresa, visando seu crescimento qualitativo e quantitativo;
- Tem seu patrimônio pessoal e seu destino -planos de vida e carreira- "casados" com a empresa;
- Zela para a empresa se manter no rumo da sobrevivência, do crescimento e da perpetuidade;
- Tem consciência de que suceder e ser sucedido são responsabilidades que assume com as novas gerações, os clientes, os acionistas e o futuro da empresa;
- Sabe se autoavaliar, visando o próprio desenvolvimento e a identificação de equipes e parceiros que lhe sejam complementares;
- Reconhece os parceiros talentosos como agentes do desenvolvimento da empresa e sabe estimular, delegando responsabilidades maiores que a condição momentânea do indivíduo porque confia no potencial das pessoas;
- É um líder educador e pratica a pedagogia da presença, compartilhando tempo, presença, experiência e exemplos;
- Divide os acertos e assume os erros;
- É humanista e flexível, mas não é frágil;
- Tem consciência plena da responsabilidade social, cultural e ambiental da empresa que dirige.


EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta coluna.


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