São Paulo, domingo, 02 de agosto de 2009

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TENDÊNCIAS/DEBATES

O futuro é agora

CLIFFORD M. SOBEL


Nos últimos 3 anos, vi como essa redescoberta, esse entusiasmo e esse otimismo levaram o Brasil ao primeiro plano do cenário mundial

EM 2006 , o presidente Lula disse de forma memorável que o Brasil tinha se redescoberto e que isso estava sendo mostrado pelo entusiasmo do povo. Nos últimos três anos, vi com admiração como essa redescoberta, esse entusiasmo e esse otimismo levaram o Brasil ao primeiro plano do cenário mundial.
Os brasileiros compartilharam esse otimismo conosco em 20 de janeiro, quando comemoramos a posse do presidente Barack Obama. Foi um momento histórico para o povo americano e para todos os que acreditam em um futuro melhor.
Esse otimismo continua a se difundir na região e no resto do mundo. Depois de criar condições para a renovação do diálogo no continente na Cúpula das Américas, em abril, um novo espírito de cooperação ficou evidente na reunião histórica da Organização dos Estados Americanos, em maio.
Juntos, os países democráticos do continente suspenderam a expulsão de Cuba e abriram caminho para seu reengajamento na região, com base nos preceitos da OEA de democracia e direitos humanos. Esse consenso manifestou-se novamente neste mês, na busca de uma via pacífica para restaurar a ordem democrática e o Estado de Direito em Honduras.
Nossa parceria vai muito além das fronteiras dos nossos dois países e está focada no que podemos fazer juntos nos âmbitos regional e internacional. Estamos trabalhando em conjunto e em cooperação com outros países para tornar o biocombustível um novo recurso para a transformação do mundo. Juntos, estamos promovendo saúde e segurança alimentar na África e, em breve, no Haiti. Nos fóruns multilaterais, os EUA trabalham com o Brasil para reformar e revigorar as instituições internacionais.
Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos e seus aliados criaram uma nova ordem mundial. Hoje, cabe às potências globais emergentes, como o Brasil, junto com o mundo desenvolvido, fazer isso novamente.
Os brasileiros estão mudando o centro de gravidade de forma positiva e construtiva, e o Brasil pode ter profundo impacto no mundo como um novo líder na era da globalização.
Quando olhamos para os problemas que confrontam todos nós -crise financeira, segurança alimentar, mudanças climáticas-, fica claro que o Brasil deverá ser parte da solução.
Cabe a todos nós -governo, setor privado, ONGs e ao povo dos dois países- continuar a fortalecer os vínculos entre nossas nações. O Brasil e os Estados Unidos fazem parte do novo mundo. Somos inovadores, arrojados e empreendedores.
Líderes dos nossos setores empresariais reuniram-se com o presidente Obama em Washington para debater como poderemos continuar a integrar nossas duas economias.
Deixo o Brasil com grande orgulho por ter representado os Estados Unidos neste belo país, tendo testemunhado um momento extraordinário da história brasileira. Este não é um país do futuro, é um país do presente.
Parto sabendo que mais americanos e brasileiros visitarão uns aos outros graças ao aumento de rotas aéreas entre os dois países. Nossas forças militares estão trabalhando e treinando juntas como nunca antes. Nossas empresas prosperam devido à nossa forte base comercial. Nossos agentes policiais, promotores e juízes estão aprendendo uns com os outros.
Perguntam-me com frequência se o Brasil é "o melhor dos Brics". Minha resposta é simples: com a abertura cada vez maior de seus mercados e suas raízes profundas na democracia, quem mais poderia ser?
Ao continuarmos buscando formas de expandir nossa parceria, a herança comum e os valores democráticos que compartilhamos serão os fundamentos da nossa cooperação.
As condições para o engajamento do Brasil e dos Estados Unidos em um relacionamento significativo nunca foram tão boas. Estamos no limiar de uma ordem mundial nova e dinâmica, e nossas duas nações precisam continuar a ser catalisadoras e partes integrais dessas mudanças.
Não podemos esquecer jamais a sabedoria do presidente Kennedy, que disse: "A menos que todos os homens e as mulheres das Américas compartilhem de prosperidade crescente, nossa aliança, nosso sonho, nossa revolução e nossa liberdade fracassarão". Desde o primeiro encontro na Casa Branca, em março, o presidente Obama e o presidente Lula apoiaram essa visão de que ninguém deve ser deixado para trás.
Este é um grande momento para o Brasil e para os EUA, com oportunidades ilimitadas. Vamos aproveitar o momento para criar uma região mais segura e mais próspera, um mundo mais seguro e mais próspero.


CLIFFORD M. SOBEL , bacharel em administração pela Faculdade de Comércio da Universidade de Nova York, é o embaixador dos Estados Unidos no Brasil. Foi embaixador dos EUA na Holanda (2001 a 2005).

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