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EURO EM QUEDA
Numa tentativa de conter a
desvalorização do euro, o Banco Central Europeu elevou os juros
nesta semana. É mais um sintoma de
que o sistema monetário global está
caminhando para uma situação que
pode criar dificuldades para os países endividados e em desenvolvimento, como o Brasil.
Primeiro, porque a alta dos juros
europeus não foi nem parece que venha a ser eficaz, no curto prazo, para
revigorar o euro nos mercados.
Aliás, a elevação dos juros na semana
passada já era amplamente esperada
pelos investidores.
Há um fator fundamental subjacente à fraqueza do euro: a trajetória
da economia norte-americana, ainda
bastante aquecida apesar da tendência recente de alta dos juros.
Tanto pelo lado real (economia
ainda aquecida) quanto pelo lado financeiro (juros em alta), os EUA
continuam como um forte pólo
mundial de atração de capitais.
Assim, os investidores tendem a se
desfazer de euros para comprar dólares, o que mantém a moeda européia
sob pressão permanente.
Ao mesmo tempo, a desvalorização recente do euro torna mais difíceis as exportações do resto do mundo para a União Européia.
Na prática, os juros estão mais altos nos EUA e na UE, encarecendo o
financiamento global. De outro lado,
a evolução do câmbio na zona do euro torna as exportações dos demais
países ainda menos competitivas.
A avaliação de cenários futuros
também complica o caminho dos
mercados emergentes. Além dos juros mais altos, supõe-se que no médio prazo os EUA tenham um crescimento menor e que a gangorra cambial venha a produzir uma nova correção, desvalorizando então o dólar.
No entanto, isso poderá ocorrer
apenas quando a economia norte-americana estiver desaquecida, o que
significará, novamente, menos mercado para as exportações dos países
mais pobres. É um cenário sem dúvida melhor que uma recessão global,
que muitos chegaram a temer.
Mas deixa pequena margem para o
financiamento e o crescimento dos
países periféricos pobres e dependentes da economia global.
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