São Paulo, sábado, 02 de setembro de 2000


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EURO EM QUEDA

Numa tentativa de conter a desvalorização do euro, o Banco Central Europeu elevou os juros nesta semana. É mais um sintoma de que o sistema monetário global está caminhando para uma situação que pode criar dificuldades para os países endividados e em desenvolvimento, como o Brasil.
Primeiro, porque a alta dos juros europeus não foi nem parece que venha a ser eficaz, no curto prazo, para revigorar o euro nos mercados. Aliás, a elevação dos juros na semana passada já era amplamente esperada pelos investidores.
Há um fator fundamental subjacente à fraqueza do euro: a trajetória da economia norte-americana, ainda bastante aquecida apesar da tendência recente de alta dos juros.
Tanto pelo lado real (economia ainda aquecida) quanto pelo lado financeiro (juros em alta), os EUA continuam como um forte pólo mundial de atração de capitais.
Assim, os investidores tendem a se desfazer de euros para comprar dólares, o que mantém a moeda européia sob pressão permanente.
Ao mesmo tempo, a desvalorização recente do euro torna mais difíceis as exportações do resto do mundo para a União Européia.
Na prática, os juros estão mais altos nos EUA e na UE, encarecendo o financiamento global. De outro lado, a evolução do câmbio na zona do euro torna as exportações dos demais países ainda menos competitivas.
A avaliação de cenários futuros também complica o caminho dos mercados emergentes. Além dos juros mais altos, supõe-se que no médio prazo os EUA tenham um crescimento menor e que a gangorra cambial venha a produzir uma nova correção, desvalorizando então o dólar.
No entanto, isso poderá ocorrer apenas quando a economia norte-americana estiver desaquecida, o que significará, novamente, menos mercado para as exportações dos países mais pobres. É um cenário sem dúvida melhor que uma recessão global, que muitos chegaram a temer.
Mas deixa pequena margem para o financiamento e o crescimento dos países periféricos pobres e dependentes da economia global.


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