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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Grito dos Excluídos
Com o lema "Progresso e Vida -Pátria sem dívidas", vai se realizar
no dia 7 de setembro o "Grito dos Excluídos", pelo sexto ano consecutivo.
A prioridade está na palavra "vida" e,
portanto, na proposta de um país novo, que seja a pátria com trabalho para
todos, onde sejam promovidas a dignidade da pessoa, as exigências éticas
nas decisões políticas e econômicas, a
justiça na distribuição dos recursos e a
prática da solidariedade.
Neste ano, o símbolo do grito apresenta um cartão vermelho, com a imagem do dólar anulado por dois traços.
Significa a desaprovação à política
econômica, que se submete às decisões de grupos internacionais, sacrificando a soberania do nosso país. Deseja, assim, lembrar que a economia
deve estar a serviço da vida.
No "Grito dos Excluídos", há dois
aspectos básicos. O primeiro é a denúncia das causas da exclusão social e,
em especial, dos cortes às políticas sociais que deveriam promover os recursos para trabalho, saúde, educação, reforma agrária e habitação. O
grito se dirige contra os males que
atingem o povo, como o atual desemprego e as várias formas de corrupção.
O outro aspecto forte é a esperança.
O grito não é apenas uma expressão
de sofrimento e desagrado, nem se resume num protesto. Surge da confiança em Deus, da vontade de valorizar o
dom da vida, de acreditar que ainda é
possível construir uma pátria livre e
justa.
Nas manifestações populares, percebe-se, com efeito, um aspecto de festa
e de congraçamento de quem vislumbra no horizonte tempos diferentes
marcados pela solidariedade fraterna
que deve existir entre filhos de Deus.
O grito acontece neste ano no período em que se organiza o "Plebiscito
Nacional", de 2 a 7 de setembro, sobre
a "vida acima da dívida", isto é, a ampla consulta popular a respeito da realização da auditoria pública quanto
aos empréstimos feitos, o reto uso dos
recursos e a justiça dos juros e pagamentos.
Pois não há dúvida de que essa complexa questão da dívida pública, externa e interna requer, há muito tempo,
avaliação justa e transparente, que faculte maior aplicação das verbas orçamentárias para as políticas sociais.
Um dos frutos do "Grito dos Excluídos" é contribuir para a conscientização da sociedade sobre situações que
prejudicam a vida digna e sobre as iniciativas para superá-las de modo
construtivo. Basta lembrar os passos
dados nos últimos anos. A iniciativa
começou em 1995 com o lema "A vida
em primeiro lugar", em consonância
com a Campanha da Fraternidade sobre os excluídos. Atingiu na época 170
cidades. Na sequência dos anos, a realização do grito, tendo sempre como
objetivo a promoção da vida, voltou-se para o trabalho e a terra, a dignidade dos encarcerados, a educação, o
problema da fome e, atualmente, para
a questão complexa do pagamento da
dívida pública e de suas consequências sociais.
Aumentou, também, a abrangência
do grito, adquirindo dimensão latino-americana e continental. Neste ano,
em 12 de outubro, em Nova York e em
várias capitais, há de ecoar o grito por
"trabalho, justiça e vida", com particular atenção aos imigrantes indocumentados.
No santuário da Padroeira do Brasil,
em Aparecida (SP), reúnem-se os trabalhadores para a sua 13ª Romaria,
lembrados de que o "Grito dos Excluídos", à luz da fé, é a prece confiante
diante de Deus, pedindo que nos ajude a realizar a conversão pessoal e a
solidariedade, sem as quais não haverá a tão desejada transformação da sociedade.
D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.
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