São Paulo, terça-feira, 02 de setembro de 2008

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MELCHIADES FILHO

Inimigos íntimos

BRASÍLIA - A parceria que deu sustento a FHC não deverá sair das eleições municipais com a coesão desejada para dar o troco em Lula.
PSDB e DEM se estranharam já na negociação das candidaturas. A estratégia vislumbrada para 2010 não resistiu aos paroquialismos.
Os dois partidos largaram como adversários em 14 capitais. Enfrentam-se diretamente em 4 e participam de coligações rivais em 10.
Do mesmo lado, eles estão em 11.
Ainda assim, em 5 endossaram uma terceira agremiação. Somente em Belém, Curitiba, Florianópolis, João Pessoa, Rio Branco e Teresina um partido aceitou apoiar um nome do outro na cabeça de chapa.
A campanha, claro, ampliou a distância. E não só em São Paulo, onde a desidratação de Geraldo Alckmin (PSDB) e o crescimento de Gilberto Kassab (DEM) dinamitaram a base tucana irremediavelmente.
Em Salvador, por exemplo, ACM Neto (DEM) torce desabridamente contra Antonio Imbassahy (PSDB) e para ter outro oponente no segundo turno -ao passo que o tucano, curiosamente, virou a aposta do governador petista Jaques Wagner para barrar o retorno do carlismo.
Em Fortaleza, onde o DEM tem chance com Moroni Torgan, o PSDB reforça a militância de Patricia Saboya (PDT). Em Cuiabá, onde a vitória de Wilson Santos (PSDB) parecia certa, o apoio do DEM a Walter Rabello (PP) aumenta a possibilidade de segundo turno.
Fossem boas as perspectivas desses vôos separados, não seria difícil uma reaproximação pós-outubro.
As pesquisas, contudo, põem tucanos e democratas no páreo em apenas 9 capitais -com 3 barbadas (tucanos em Curitiba, São Luís e Teresina). O PT, sozinho, crava 8 e 4.
Não à toa, FHC voltou a defender a chapa puro-sangue Serra-Aécio (não necessariamente nessa ordem), e o DEM, a falar em "anticandidato" -o governador José Roberto Arruda (DF) ou a senadora Kátia Abreu (TO), a depender do perfil da campanha de Dilma Rousseff.

mfilho@folhasp.com.br



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