São Paulo, sábado, 02 de outubro de 2004

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POLICIAIS CLANDESTINOS

Há poucas atitudes mais suspeitas do que a do policial que não quer identificar-se. Diante disso, é extremamente preocupante a notícia de que vários veículos das Polícias Civil e Militar de São Paulo têm problemas de identificação em suas placas. As irregularidades são de vários tipos e incluem desde a ausência de uma ou das duas chapas até letras e algarismos apagados.
Em alguns casos, tinta foi utilizada para proceder à adulteração, o que elimina quaisquer dúvidas em relação às intenções dos envolvidos. Podem-se imaginar muitas coisas que alguém que tenha poderes de polícia e não seja identificável possa fazer, mas nenhuma delas é abonadora.
Igualmente inquietante é a declaração do secretário da Segurança Pública do Estado, Saulo Castro de Abreu Filho, de que o problema já havia sido diagnosticado. Ora, se a fraude já era conhecida antes, como explicar que carros continuem circulando com irregularidades?
Como bem afirmou o governador Geraldo Alckmin, a atitude dos policiais que adulteram placas é inadmissível: "Um carro público tem que estar identificado como qualquer outro carro. Não se pode admitir que alguém que tem de zelar pelo cumprimento da lei a desrespeite".
E o não-cumprimento da norma dificulta o trabalho das autoridades encarregadas de fazer o controle das polícias. Segundo o ouvidor do Estado, Itajiba Farias Ferreira Cravo, várias investigações relativas a abusos cometidos por policiais são prejudicadas por problemas na identificação dos veículos.
É urgente, portanto, que a cúpula da polícia paulista cumpra sua promessa de resolver o quanto antes esse angustiante problema.


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