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Recados do BC
O BANCO Central começa a
modificar as mensagens
sibilinas que transmite
aos atores econômicos. Uma elevação da taxa básica de juros, a
Selic, poderia ocorrer muito antes do esperado, talvez ainda
neste ano de 2009.
Influenciar as expectativas
econômicas na base de conversas e recados cifrados é uma iniciativa comum entre as autoridades monetárias, no Brasil e em
outros países. A lógica do BC, no
caso, é induzir as pessoas que decidem os preços de bens e serviços na economia a moderar seu
apetite por remarcações.
Os juros negociados no mercado futuro -que norteiam as taxas dos empréstimos na praça-
começaram a aumentar. Esse
movimento responde à percepção de que a economia brasileira
se acelera num ritmo superior ao
anteriormente previsto.
É cedo para fixar tendência
nesse sentido, pois a atividade
econômica volta de um mergulho atípico, provocado pela crise
global. Por ora, há apenas uma
confluência de vetores, todos redundando em expansão. Crescem, ao mesmo tempo, as importações, o crédito e o consumo
privados, bem como os gastos do
governo.
A poupança que a União acumula -o chamado superavit primário- não é tão exígua desde
1998. À medida que nos afastamos da fase aguda da crise, a aceleração da despesa pública deixa
de ter um papel estabilizador e
passa a trabalhar contra a sustentação do crescimento: fomenta desnecessariamente o nível de consumo, numa economia
já reanimada, e atiça a inflação.
Pisar no acelerador dos gastos
públicos quando o setor privado
pressiona o freio é apenas um
dos lados de uma política econômica que se queira "anticíclica".
Um governo responsável também precisa cortar seus dispêndios quando as famílias e as empresas voltam às compras.
Do contrário, o remédio conhecido -e repleto de efeitos colaterais- da alta dos juros será
inexoravelmente aplicado.
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