São Paulo, terça-feira, 02 de dezembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CLÓVIS ROSSI

Obama muda. Para o passado

SÃO PAULO - As indicações do presidente eleito Barack Obama para as áreas de relações internacionais, defesa e segurança, somadas às já conhecidas no campo econômico, parecem definir claramente o que significava para ele a palavra "mudança": trata-se de voltar ao passado, mais exatamente para a era Clinton.
A volta para o passado inclui ainda uma leve pitada de conservadorismo, com a manutenção de Robert Gates no Pentágono.
O pacote geral não deveria surpreender, por duas razões: primeiro, porque os anos Clinton foram extraordinários do ponto de vista econômico para os Estados Unidos.
Devem ter deixado saudades suficientes para que Hillary Clinton usasse essa memória como um de seus principais ativos nas primárias -e é bom lembrar que perdeu por pouco.
Segunda razão: os Estados Unidos são uma história de 231 anos de sucesso, por mais que, nos oito anos mais recentes, tenham entrado num labirinto complicado. Para os norte-americanos, salvo exceções, mesmo episódios que os latino-americanos consideramos vergonhosos (e a lista é tão grande que não cabe aqui) foram ações necessárias para derrotar o onipresente comunismo internacional.
Obama, como é óbvio, tem que agradar acima de tudo os norte-americanos, não os latino-americanos (ou europeus ou quem seja). Esperar portanto que "mudança" fosse sinônimo de "revolução", só na cabeça dos que vivemos em países que não são uma história tão longa de sucesso tão amplo.
Diga-se a favor de Hillary Rhodam Clinton que ela é co-autora de projeto para fechar o campo de concentração de Guantánamo (com a senadora Dianne Feinstein), no que, se implementá-lo, uma vez no poder, será uma mudança para o passado das mais positivas, resgatando valores que fazem parte da história de sucesso dos EUA.

crossi@uol.com.br


Texto Anterior: Editoriais: Segredo sem fim

Próximo Texto: Brasília - Eliane Cantanhêde: Da liderança à berlinda
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.