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CLÓVIS ROSSI
Obama muda. Para o passado
SÃO PAULO - As indicações do
presidente eleito Barack Obama
para as áreas de relações internacionais, defesa e segurança, somadas às já conhecidas no campo econômico, parecem definir claramente o que significava para ele a palavra "mudança": trata-se de voltar ao passado, mais exatamente para a
era Clinton.
A volta para o passado inclui ainda uma leve pitada de conservadorismo, com a manutenção de Robert Gates no Pentágono.
O pacote geral não deveria surpreender, por duas razões: primeiro, porque os anos Clinton foram
extraordinários do ponto de vista
econômico para os Estados Unidos.
Devem ter deixado saudades suficientes para que Hillary Clinton
usasse essa memória como um de
seus principais ativos nas primárias
-e é bom lembrar que perdeu por
pouco.
Segunda razão: os Estados Unidos são uma história de 231 anos de
sucesso, por mais que, nos oito anos
mais recentes, tenham entrado
num labirinto complicado. Para os
norte-americanos, salvo exceções,
mesmo episódios que os latino-americanos consideramos vergonhosos (e a lista é tão grande que
não cabe aqui) foram ações necessárias para derrotar o onipresente
comunismo internacional.
Obama, como é óbvio, tem que
agradar acima de tudo os norte-americanos, não os latino-americanos (ou europeus ou quem seja).
Esperar portanto que "mudança"
fosse sinônimo de "revolução", só
na cabeça dos que vivemos em países que não são uma história tão
longa de sucesso tão amplo.
Diga-se a favor de Hillary Rhodam Clinton que ela é co-autora de
projeto para fechar o campo de concentração de Guantánamo (com a
senadora Dianne Feinstein), no
que, se implementá-lo, uma vez no
poder, será uma mudança para o
passado das mais positivas, resgatando valores que fazem parte da
história de sucesso dos EUA.
crossi@uol.com.br
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