São Paulo, Segunda-feira, 03 de Janeiro de 2000


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REGULARIDADE AMEAÇADA

Em termos de avaliação popular, não se pode dizer que o desempenho do governador Mário Covas desde que assumiu o Executivo paulista, em 95, seja empolgante. Em 17 pesquisas feitas pelo Datafolha, a porcentagem dos que consideram seu governo regular na grande maioria das vezes foi maior que as outras duas aferidas (ruim/péssimo; ótimo/ bom).
A rigor, em apenas dois momentos essa regra esteve próxima de ser quebrada. Em dezembro de 98, logo após conquistar nas urnas o segundo mandato, seu índice de aprovação foi maior, mas ainda próximo do índice de regularidade, considerada margem de erro da pesquisa.
A segunda exceção dá-se na mais recente avaliação, de meados de dezembro de 99. Agora foi o índice de reprovação que, tendo atingido seu recorde no mandato de Covas, tomou a dianteira, também empatado tecnicamente com o de regularidade, mas o índice de popularidade do governador é cadente.
Decerto fatores dessa insatisfação progressiva fogem da alçada do governo do Estado. O Brasil passa por uma crise econômica cujas consequências (recessão, desemprego, marginalidade, desindustrialização) se sentem mais dramaticamente na região metropolitana de São Paulo.
No entanto, há pelo menos dois pontos a ferir a popularidade do governador que poderiam ter sido mais bem atacados por sua administração. Trata-se da segurança pública e da questão do tratamento a crianças e adolescentes infratores.
A descentralização da Febem, amplamente defendida por especialistas, tardou demais e custou rebeliões sangrentas e mortes para que sua implementação fosse anunciada. Ainda não se viu solução que harmonizasse a bicefalia policial, que moralizasse essa instituição, que livrasse as delegacias dos amontoados de presos sujeitos a fugas constantes. Esses são os maiores débitos de Covas, pelos quais paga com a impopularidade.


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