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REGULARIDADE AMEAÇADA
Em termos de avaliação popular,
não se pode dizer que o desempenho
do governador Mário Covas desde
que assumiu o Executivo paulista, em
95, seja empolgante. Em 17 pesquisas feitas pelo Datafolha, a porcentagem dos que consideram seu governo regular na grande maioria das vezes foi maior que as outras duas aferidas (ruim/péssimo; ótimo/ bom).
A rigor, em apenas dois momentos
essa regra esteve próxima de ser quebrada. Em dezembro de 98, logo
após conquistar nas urnas o segundo
mandato, seu índice de aprovação foi
maior, mas ainda próximo do índice
de regularidade, considerada margem de erro da pesquisa.
A segunda exceção dá-se na mais
recente avaliação, de meados de dezembro de 99. Agora foi o índice de
reprovação que, tendo atingido seu
recorde no mandato de Covas, tomou a dianteira, também empatado
tecnicamente com o de regularidade,
mas o índice de popularidade do governador é cadente.
Decerto fatores dessa insatisfação
progressiva fogem da alçada do governo do Estado. O Brasil passa por
uma crise econômica cujas consequências (recessão, desemprego,
marginalidade, desindustrialização)
se sentem mais dramaticamente na
região metropolitana de São Paulo.
No entanto, há pelo menos dois
pontos a ferir a popularidade do governador que poderiam ter sido mais
bem atacados por sua administração.
Trata-se da segurança pública e da
questão do tratamento a crianças e
adolescentes infratores.
A descentralização da Febem, amplamente defendida por especialistas, tardou demais e custou rebeliões
sangrentas e mortes para que sua implementação fosse anunciada. Ainda
não se viu solução que harmonizasse
a bicefalia policial, que moralizasse
essa instituição, que livrasse as delegacias dos amontoados de presos sujeitos a fugas constantes. Esses são
os maiores débitos de Covas, pelos
quais paga com a impopularidade.
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