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COM MEDO DO BC
O mercado de dólar da BM&F
(Bolsa de Mercadorias & Futuros) está em sobressalto. Na segunda-feira, os negócios de prazo mais
curto realizados na instituição atingiram o maior valor desde agosto de
1997, quando a crise asiática sacudiu
o mundo. Foram realizadas nada
menos que 410.226 operações, no valor de US$ 20,5 bilhões.
Isso significa que os investidores
estão apostando na continuidade da
valorização do real, movimento reforçado nesta semana por rumores
de que o Banco Central faria mudanças nas regras do mercado futuro para tentar conter a alta da moeda.
O temor perdurava até ontem e
também repercutia no mercado à vista. Os bancos têm-se desfeito de dólares em volume recorde.
Desde meados de novembro de
2005, o BC compra dólares nos mercados à vista e a termo. Essas operação custam caro e já não conseguem
frear a valorização do real. A dívida
pública emitida para pagar a aquisição de reservas -que rendem ao governo em torno de 4,5% ao ano- remunera o credor a 17,25%. Esse é o
mesmo diferencial de juros que atrai
o investidor externo e força para cima o preço da moeda brasileira.
Se o Banco Central de fato mudar
as regras de negócios na BM&F, terá
de novo enveredado por uma arriscada heterodoxia. Esta Folha entende
que o BC deve enfatizar a saída ortodoxa: acelerar a queda dos juros para
reduzir o hiato entre o que os investidores ganham aqui e no exterior.
Da dívida externa nova das empresas do Brasil é exigida taxa 2,6 pontos percentuais acima dos 4,5% cobrados dos EUA. A taxa básica de juros brasileira que igualaria os ganhos em aplicações aqui e no exterior também leva em conta a diferença entre as expectativas para a inflação brasileira e a americana. O resultado é uma Selic "de equilíbrio" em
torno de 10% ao ano.
Esse mero exercício especulativo
não implica que o BC deva ter como
meta uma taxa básica de 10%. Apenas dá idéia numérica do grande espaço para baixar a Selic se o objetivo
é conter a valorização cambial.
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