São Paulo, sexta-feira, 03 de março de 2006

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TUDO PARA EMAGRECER

Relatório anual da Junta Internacional Fiscalizadora de Entorpecentes (Jife), ligada à ONU, mostra que o Brasil é o maior consumidor mundial de remédios para emagrecer. De acordo com o órgão, utilizaram-se por aqui 9,1 doses diárias de substâncias anorexígenas por grupo de mil habitantes entre 2002 e 2004 -aumento de mais de 30% em relação à década anterior.
Outros grandes consumidores dessa classe de drogas, cujas principais representantes são as anfetaminas, são os EUA, com 7,7 doses diárias, a Argentina (6,7) e a Coréia do Sul e Cingapura (6,4). O problema das anfetaminas é que elas viciam e produzem uma série de efeitos adversos, notadamente o aumento da pressão arterial, que pode levar a derrames e problemas cardíacos.
Mas, diferentemente das substâncias ilícitas, anfetaminas têm uso médico legítimo. Além de reduzir o apetite, servem para o tratamento da narcolepsia e do déficit de atenção em crianças. Não se deve buscar, portanto, a eliminação do consumo, mas, sim, um controle eficaz.
No Brasil, a maior parte do uso abusivo pode ser atribuído às fórmulas emagrecedoras, muitas vezes receitadas por médicos, mas também vendidas irregularmente pela internet e por farmácias de manipulação. Em teoria, qualquer preparado que contenha anfetaminas só pode ser vendido mediante receita médica.
Em primeiro lugar, é preciso que programas de educação continuada ensinem aos médicos novas abordagens para o problema da obesidade. Tratamentos com anfetaminas, embora às vezes justificáveis, são perigosos e tendem à ineficiência. Boa parte dos pacientes que conseguem perder peso o recupera em um ano.
Ainda mais importante, porém, é investir na educação do consumidor. Além de desconhecer os riscos da utilização de anfetaminas, as pessoas freqüentemente não sabem o que estão tomando quando adquirem as fórmulas. É preciso alertá-las para os perigos desse hábito.


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