São Paulo, sábado, 03 de abril de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAINEL DO LEITOR

Concentração de renda
"A concentração da riqueza não é recente no Brasil (Dinheiro, 2/4), é secular e estrutural. Os beneficiários dessa concentração de renda são os mesmos que, na semana que passou, defenderam, na própria Folha (Sinapse), uma universidade que produza menos doutores e menos ciência autônoma. Há uma coerência reacionária entre a defesa da importação de ciência, o desmonte da pesquisa e a concentração de renda. Uma política estratégica de autonomia do país passa, necessariamente, pela inversão tanto da concentração de renda como das políticas de desmonte da pesquisa no Brasil."
Pedro Paulo Abreu Funari (Campinas, SP)

Sem mordaça
"Se a sociedade brasileira aceitar passiva e calada a aprovação da "lei da mordaça", estaremos assistindo à implantação de uma ditadura branca no país. O projeto de lei que o PT hoje defende é o mesmo que rejeitava no governo FHC. Os eventuais abusos de promotores, delegados e outros funcionários públicos devem ser coibidos e julgados pelo Poder Judiciário. Não há como negar que muitos neste governo acreditam no dito que "todos são iguais perante a lei, porém alguns são mais iguais que os outros". Um exemplo dessa igualdade desigual que se pretende é o caso da Escola Base, em que seus proprietários foram execrados e tiveram suas vidas destruídas com base em falsas denúncias. Na época dos fatos, ninguém defendeu nenhuma lei como essa. Se tal lei existisse, o caso Waldomiro não teria vindo à tona. Bastante conveniente, pois."
Luiz M. Leitão da Cunha (São Paulo, SP)

Vereadores demais
"Acredito que milhões de cidadãos brasileiros conscientes estão aplaudindo de pé o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por ele ter disciplinado e limitado a composição das Câmaras municipais quanto ao número de vereadores, acabando com os fartos salários. Aguardando as novas regras a partir das eleições deste ano. Parabéns, tribunal, por sua posição."
Antônio Rochael (Iguape, SP)

Testemunha ocular
"Privilegiada testemunha daqueles acontecimentos, Almino Affonso nos deu em 1º de abril último, na Folha, o mais claro e verdadeiro depoimento sobre os tristes dias de março de 1964 e sobre o vanguardeiro e popular governo de João Goulart, afinal sufocado pela elite conservadora brasileira, sob o sempre nefasto apanágio norte-americano."
José Roberto Antonini (Campinas, SP)

Governo
"Está na hora de retirar o "diáfano manto da fantasia" do PT, de sua capacidade de governar e do sonho de ter um operário, mais ou menos alfabetizado, para liderar a busca de soluções para a sociedade brasileira. Está na hora de gritar: "O rei está nu". E reconhecer o grande equívoco das premissas que levaram o sr. Lula da Silva ao poder. Reconhecer que nem ele nem o PT têm nenhum projeto para o país. A partir daí, a sociedade, como atitude de prudência, pode garantir o mínimo de governabilidade capaz de ajudar a travessia deplorável que é o governo petista e a liderança do sr. Luiz Inácio. Para depois, e uma vez mais, a sociedade brasileira lamber as feridas e tentar tudo de novo."
Alexandre de Macedo Marques (São Paulo, SP)

 

"Creio que o governo Lula está enfrentando o poder das supremas oposições da democracia e da liberdade que é o poder dos mandantes deste país, ou seja, as raposas velhas que há décadas fazem e desfazem. Tenha força, Lula, tenha garra e determinação. Vamos transformar este país no elo da justiça popular para todo o povo, sem exceções!"
Célio Borba (São Paulo, SP)

Elogio
"Magnífica a Primeira Página deste jornal em 1º de abril de 2004. Se houver um prêmio, e deveria haver se não houver, para "a melhor Primeira Página" do ano, com certeza essa seria uma das finalistas. Em cima, os corpos mutilados de americanos, massacrados pela barbárie e brutalidade de um povo que há muito perdeu o sentido das mais básicas noções de convivência humana. Logo abaixo, a foto das cruzes daqueles que morreram na quarentona revolução de 1964 que o governo atual, como todos os demais que o antecederam após o regime militar, insiste em esquecer e desmerecer continuamente. É verdade: "Terrorismo é igual em qualquer lugar! Por que no Brasil é diferente?"."
Luiz Antonio Beluzzi (Apiaí, SP)

Sem moral
"Fico desanimado ao ler notícias como a que envolve a atitude do empresário Girsz Aronson, ainda que possa ter caráter fortuito. Ela me passa a impressão de que o naufrágio moral do país está mais acelerado do que eu imaginava."
Carlos Bruni Fernandes (São Paulo, SP)

Finanças municipais
"Sobre a prestação de contas de 2003, a Secretaria de Finanças esclarece que, na reportagem publicada (Cotidiano, 1º/4), foi omitida a informação da diferença entre déficit orçamentário e financeiro. O valor de R$ 590 milhões refere-se ao déficit orçamentário, um problema contábil e para o qual existiam R$ 484 milhões disponíveis no nosso caixa em 31/12 último. Do ponto de vista concreto, o que espelha a real situação do município é o saldo financeiro -a diferença entre os pagamentos devidos e o dinheiro para pagá-los-, que, no nosso caso, foi negativo em pouco mais de R$ 106 milhões. Aproveitamos para alertar que os quadros comparativos publicados mostram que o governo anterior teria fechado o ano de 2000 em superávit. Mas vale lembrar como se chegou a esse resultado: no último momento de seu governo, todos os empenhos foram cancelados, inclusive os liquidados, obrigando a administração Marta Suplicy a renegociar integralmente milhões de reais relativos a centenas de materiais e serviços já entregues e não pagos pelo governo anterior."
Bárbara Bortolin, assessora de imprensa da Secretaria Municipal de Finanças (São Paulo, SP)

É bamba
"Uma pequena nota publicada no dia 1º de abril exprimia no título uma vontade do ministro Gil e, em seguida, quase em tom de exigência, um requerimento do Ministério da Cultura para que a Unesco reconheça o nosso samba como patrimônio cultural mundial. A intenção, no entanto, não está implícita, cabe totalmente ao que o leitor associa a patrimônio da humanidade. Neste caso, pressupõe-se uma relação com a preservação, a valorização e o reconhecimento de algo de suma importância para a humanidade. "O pai do prazer e filho da dor" sem dúvida deve ser reverenciado, mas por quem? Por orientais, africanos ou europeus, com culturas tão ricas e específicas quanto a nossa, ou por nós mesmos, que nascemos com o samba no pé e muitas vezes o deixamos pelo caminho ao ligar o rádio e só ouvir música estrangeira?"
Laura Oller (São Paulo, SP)

Pobreza demais
"É uma lástima que em um país tão grande como o Brasil, com o qual a natureza foi tão generosa, existam quase 60 milhões de habitantes vivendo abaixo da linha de pobreza. É constrangedor para todos nós, principalmente para os nossos governantes, saber que mais ou menos um terço dos nossos conterrâneos tem como maior aspiração de vida o direito de serem alçados ao "status" de pobres, abandonando a classificação de miseráveis. Essa insustentável situação é a grande motivadora da desenfreada violência que povoa o nosso cotidiano. Ou vêm providências imediatas ou brevemente estaremos condenados a viver em cidades fortificadas, tal com faziam os antigos senhores feudais."
Júlio Ferreira (Recife, PE)

Texto Anterior: Roberto Romano: Sobre ética e fé pública

Próximo Texto: Erramos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.