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FERNANDO RODRIGUES
O ardil de MTB
BRASÍLIA - O ministro da Justiça,
Márcio Thomaz Bastos, teve dois assessores em contato direto com o então ministro da Fazenda, Antonio
Palocci, na fatídica sexta-feira, dia 17
de março. Nessa mesma data, a mídia teve acesso ao extrato bancário
do caseiro Nildo.
Os dois assessores são Daniel Goldberg e Cláudio Alencar. Ambos dizem ter sido pressionados por Palocci
a colocar a Polícia Federal no encalço
do caseiro naquela sexta-feira.
Os assessores de MTB negam ter
visto o extrato bancário. Negam também ter ouvido da boca de Palocci
detalhes do crime de violação propriamente. Confirmam, entretanto, o
interesse do político ribeirão-pretano
em perseguir o caseiro.
MTB foi informado de todas as andanças de Goldberg e Alencar. O ministro soube que um dos dois, Goldberg, assistiu pessoalmente à reação
de euforia de Palocci imediatamente
após o ex-ministro ter se encontrado
com o então presidente da Caixa, Jorge Mattoso. Palocci saiu da reunião,
na noite anterior, dando a entender
ter certeza de que o caseiro havia recebido dinheiro.
O ministro da Justiça de Lula tem
propagado sua versão. Ele diz ter feito o que manda o Estado de Direito.
Desconfiou de Palocci. Mandou a PF
investigar se o então czar da economia havia cometido um crime.
Boa versão de criminalista essa de
MTB. Para o Brasil, até cola. Mas o
caso é bem mais complexo.
Ao pressionar dois assessores de
MTB para que a PF acossasse o caseiro, Palocci já estava, no mínimo, cometendo pesada irregularidade funcional. Não cabe a um ministro na vigência do Estado de Direito tentar
mandar a polícia investigar quem
quer que seja. Muito menos a quem o
acusa de mentiroso.
O que fez MTB diante da pressão de
Palocci? Pouco, muito pouco. Mas o
suficiente para salvar Lula. Assim
funciona o Estado de Direito dos petistas e do ministro da Justiça.
Para sorte do PT, Palocci tende a
mimetizar Delúbio. Vai silenciar.
@ - frodriguesbsb@uol.com.br
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