São Paulo, segunda-feira, 03 de abril de 2006

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FERNANDO RODRIGUES

O ardil de MTB

BRASÍLIA - O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, teve dois assessores em contato direto com o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, na fatídica sexta-feira, dia 17 de março. Nessa mesma data, a mídia teve acesso ao extrato bancário do caseiro Nildo.
Os dois assessores são Daniel Goldberg e Cláudio Alencar. Ambos dizem ter sido pressionados por Palocci a colocar a Polícia Federal no encalço do caseiro naquela sexta-feira.
Os assessores de MTB negam ter visto o extrato bancário. Negam também ter ouvido da boca de Palocci detalhes do crime de violação propriamente. Confirmam, entretanto, o interesse do político ribeirão-pretano em perseguir o caseiro.
MTB foi informado de todas as andanças de Goldberg e Alencar. O ministro soube que um dos dois, Goldberg, assistiu pessoalmente à reação de euforia de Palocci imediatamente após o ex-ministro ter se encontrado com o então presidente da Caixa, Jorge Mattoso. Palocci saiu da reunião, na noite anterior, dando a entender ter certeza de que o caseiro havia recebido dinheiro.
O ministro da Justiça de Lula tem propagado sua versão. Ele diz ter feito o que manda o Estado de Direito. Desconfiou de Palocci. Mandou a PF investigar se o então czar da economia havia cometido um crime.
Boa versão de criminalista essa de MTB. Para o Brasil, até cola. Mas o caso é bem mais complexo.
Ao pressionar dois assessores de MTB para que a PF acossasse o caseiro, Palocci já estava, no mínimo, cometendo pesada irregularidade funcional. Não cabe a um ministro na vigência do Estado de Direito tentar mandar a polícia investigar quem quer que seja. Muito menos a quem o acusa de mentiroso.
O que fez MTB diante da pressão de Palocci? Pouco, muito pouco. Mas o suficiente para salvar Lula. Assim funciona o Estado de Direito dos petistas e do ministro da Justiça.
Para sorte do PT, Palocci tende a mimetizar Delúbio. Vai silenciar.


@ - frodriguesbsb@uol.com.br


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