São Paulo, segunda-feira, 03 de maio de 2004

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TARIFAS ELEVADAS

Pesquisa realizada pela Fundação Procon de São Paulo com dez bancos brasileiros mostrou que as tarifas cobradas dos clientes podem apresentar diferenças de até 370%, como nos casos das importâncias exigidas quando da abertura de contas especiais ou de emissão de segunda via de cartão magnético.
O levantamento também detectou um fato digno de nota: a tarifa bancária média de 20 produtos e serviços subiu 11,73% entre os meses de setembro de 2003 e março de 2004. No entanto, ao longo do mesmo período, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor, apurado pelo IBGE, foi de 3,97%. É difícil entender as razões que levaram a um aumento das tarifas tão acima do índice de inflação, especialmente num contexto em que o sistema financeiro tem auferido lucros extraordinários e cobra, no crediário, taxas de juros e "spreads" reconhecidamente altos.
Há estudos que indicam que a simples cobrança de tarifas já assegura a muitos bancos rendimento suficiente para saldar seus compromissos com a folha salarial. Nos últimos anos, mais e mais serviços passaram a ser tarifados. O mesmo Procon informa que, em 1996, 67% dos bancos cobravam pela renovação do cadastro de pessoa física para contas correntes especiais. Atualmente, o percentual é de 90%.
Essa realidade reforça a impressão de que a mobilidade dos clientes em busca de melhores tarifas e condições creditícias não é um traço marcante de nosso sistema bancário. De fato, analistas do próprio setor acreditam que no Brasil a adesão de uma pessoa a um banco cria laços que tendem a se perpetuar. Há uma série de fatores que contribuem para desestimular clientes a trocar com mais freqüência de instituição bancária.
Seria um exagero afirmar que não existe concorrência entre bancos, mas não há nenhuma dúvida de que em certos casos, notadamente no segmento de pessoas físicas, ela está muito aquém do desejável.


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