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FUMO PASSIVO
Não há a menor dúvida de que
o cigarro faz mal aos fumantes. Quão nocivo é o tabaco para os
chamados fumantes passivos, contudo, permanece uma questão em
aberto. Um recente estudo, publicado no prestigioso "British Medical
Journal", traz dados interessantes.
Durante seis meses, em 2002, vigorou em Helena, no Estado de Montana (EUA), a proibição de fumar em
lugares públicos e de trabalho. Depois, o veto foi revertido na Justiça.
Nesse período, verificou-se uma redução de 40% no número de infartos
agudos do miocárdio que ocorreram
na cidade. Eles baixaram de 40 para
24, fenômeno que não se repetiu nas
vizinhanças, onde não vigia a proibição. Mais surpreendente ainda, suspensa a proscrição, os ataques cardíacos voltaram a subir na cidade.
Até agora, a maioria dos estudos
sobre o fumo passivo se centrava nos
efeitos da exposição de longo prazo,
como é o caso do câncer. O que o estudo de Helena agora indica é que a
ação nociva mais importante pode
dar-se sobre os fatores que aumentam o risco de infarto agudo do miocárdio, especialmente no caso de
pessoas com história prévia de doenças coronarianas.
Seria precipitado, a partir desse estudo apenas, concluir que leis contra
o fumo em lugares públicos podem
reduzir a morbidade de doenças cardíacas. Helena é uma cidade com
menos de 70 mil habitantes e não se
pode descartar que outras causas tenham contribuído para os resultados
da pesquisa. Ainda assim, os números são sugestivos o suficiente para
que se procurem desenvolver novos
trabalhos acerca do assunto. A Irlanda, que acaba de introduzir uma legislação antitabagista bastante restritiva, torna-se um bom laboratório.
Se resultados semelhantes emergirem, será de fato o caso de adotar leis
mais duras contra o cigarro em lugares públicos. O direito do fumante,
que é incontestável, não pode sobrepor-se ao direito de não-fumantes de
não se expor a uma fumaça que precipitaria ataques cardíacos.
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