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Lula e as passagens
""Leviandade". Assim se deve definir a fala do presidente Lula em
relação à farra das passagens (Primeira Página, ontem).
Como pode dizer que a coisa
"sempre foi assim"? Há pessoas de
bem no Brasil que não têm nem como pagar uma passagem de ônibus
para visitar parentes próximos.
E a farra continua. Até que uma
comissão seja criada, se gaste muito
com reuniões e conclua-se que tudo está certo: os deputados e senadores podem, sim, oferecer passagens para a mulher, a mãe, a sogra,
o sogro, o cunhado..."
AGNELO CAMPOS (Pirangi, SP)
"Não estranhei o entendimento
do senhor presidente quanto ao uso
indevido de passagens pelos senadores e deputados.
Querer criticar o presidente por
isso é pura "hipocrisia", afinal, seu
pensamento está plenamente coerente com o que ele disse em um hotel em Paris sobre o uso de caixa
dois: que era e sempre foi prática
comum."
PAULO T. J. SANTOS (São Paulo, SP)
Auxílio-privilégio
"Pois é, sobre o tratamento especial que tiveram familiares de magistrados (furar filas de embarque e
serem dispensados de abrir malas
na alfândega), o presidente do STF,
ministro Gilmar Mendes, proclamou que "o auxílio se presta nos aeroportos, sem nenhuma conotação
de privilégio".
É muita cara-de-pau. Se isso não
é privilégio, o que seria?"
JOÃO BERTOLDO DE OLIVEIRA (Campinas, SP)
Terra
"Que bom se a Polícia Federal desalojasse os invasores de fazendas
com a mesma presteza com que
despejou os agricultores brancos da
reserva Raposa/Serra do Sol, estes,
sim, verdadeiros agricultores sem
terra a partir de agora por obra de
autoridades cegas."
MILENA COSTA (Porto Alegre, RS)
Dilma
"A campanha da ministra Dilma
Rousseff à Presidência está a pleno
vapor, com o patrocínio explícito do
governo federal. Prefeitos são convocados a Brasília e verbas públicas
são distribuídas ou prometidas, em
escancarado clima eleitoral.
A ministra e o presidente não fazem segredo da candidatura, mas a
Justiça Eleitoral, que por muito
menos tem cassado prefeitos e vereadores, agora finge nada ver, nada
ouvir e nada saber, porque o Brasil
continua o mesmo: as leis rigorosas
são aplicadas apenas aos ladrões de
galinha da política e a alguns adversários incômodos."
JOEL GERALDO COIMBRA (Maringá, PR)
Maconha
"Exatamente como no ano passado, por meio de uma "malandragem"
judicial, a Marcha da Maconha foi
proibida no último segundo. É uma
estratégia que visa impedir que
qualquer ação jurídica possa ser tomada antes da data do evento.
Ainda resta alguma dúvida de que
as pessoas que impedem a Marcha
da Maconha sabem que os argumentos para a sua proibição são antidemocráticos? Por qual outro motivo fugiriam assim de um embate
jurídico? Tem gente no nosso país
que ainda não engoliu o projeto democrático."
LUCAS CALDANA GORDON, membro do Coletivo
Marcha da Maconha (São Paulo, SP)
CEF e turismo
"Ao anunciar que vai financiar
pacotes de viagens ao exterior em
até 24 meses, a Caixa Econômica
Federal se coloca na contramão dos
interesses nacionais. Se existem recursos financeiros abundantes nos
agentes creditícios do governo para
financiar o turismo, cada centavo
deveria ser alocado para vender o
produto nacional.
Inteligente seria disponibilizar
recursos para que agentes nacionais e estrangeiros financiassem visitantes ao Brasil. Mesmo que uma
parte desses financiamentos não
viessem a ser honrados, a carga tributária do que eles consumissem
seria um retorno garantido.
Por que não se examina essa possibilidade?"
ORLANDO MACHADO SOBRINHO
(Rio de Janeiro, RJ)
Especialidade do Estado
"O governador José Serra fez detalhado e importante relato sobre o
absurdo extermínio dos armênios
pelos turcos ("Nenhum genocídio
deve ser esquecido", "Tendências/
Debates", 24/4).
Porém suscita algumas ponderações a sua afirmação de que devem
ser contidos os que "insistem em
ressuscitar o conceito de raça e
criar legislações baseadas na premissa de que elas merecem tratamento diferenciado pelo Estado".
Dar "tratamento diferenciado" a
grupos étnicos é uma especialidade
antiga do Estado brasileiro. Assim
se deu na escravidão e em todo o
processo de imigração. Sabe-se hoje
que os esquadrões da morte mataram mais negros no Brasil do que a
polícia da África do Sul em pleno regime de apartheid.
O governador está preocupado
com o futuro, mas é fundamental
não esquecer o presente. Há mais
de 20 anos a Fundação Seade revela
o tratamento discriminatório dado
aos negros no mercado de trabalho
em São Paulo.
Os que insistem na invisibilidade
da questão étnico-racial desconhecem que ela está inercializada no
DNA da nossa cultura de desenvolvimento, ocasionando o mais grave
problema do país: a desigualdade,
esta, sim, geradora permanente de
ressentimentos e violência."
HÉLIO SANTOS, presidente-fundador do Conselho
do Negro do Estado de São Paulo (governo Montoro) e coordenador do Grupo de Trabalho Interministerial da População Negra (governo FHC) (Salvador, BA)
Enem
"Em seu comentário sobre os resultados do Enem, o senhor Antônio Sérgio Pereira ("Painel do Leitor", 1º/5) reclama do exclusivismo
desse jornal ao se manter em solo
paulista e dá como exemplo o caso
mineiro. Lamento, mas é um péssimo exemplo, pois os casos em evidência não expressam nem sequer
a média.
Tirando os casos "ilha", como o da
escola de Viçosa, que é bancada por
uma universidade federal, a educação em Minas Gerais só é boa na falta de processos de avaliação dos
alunos e no adoecimento dos seus
professores.
Seria bom que se conhecesse um
pouco melhor a realidade descrita
pelos professores que têm enfrentado esse cotidiano e perguntar-lhes se a escola melhorou.
Detalhe, os jornais mineiros não
dariam espaço a uma critica como
esta."
SILVANA SEABRA, professora
(Belo Horizonte, MG)
Congresso
"Em consideração ao senador Pedro Simon, parlamentar que tenho
na conta dos poucos políticos éticos
do Brasil, quero me manifestar sobre o artigo "Carta aberta à Folha"
("Tendências/Debates", 30/4), escrito juntamente com outros três
parlamentares, nos quais não consegui ainda enxergar nenhum lance
de respeito aos seus eleitores.
1. Acho exageradas as opções exclusivas entre um Parlamento como o nosso ou a ditadura. Esta já se
foi há tempos, e acho melhor que nem a consideremos no caso. Representações parlamentares de Itália, Argentina e EUA são infinitamente mais baratas que a nossa.
2. Quando se serve a uma instituição corrupta e caríssima como essa,
fica difícil cobrar que ninguém escreva o que foi escrito no editorial
da Folha de 14/4.
3. Os autores do artigo acham
justo termos um Parlamento com
orçamento superior ao de prefeituras como Belo Horizonte, com
2.238.526 habitantes, ou Porto Alegre, com 1.360.590 habitantes?"
SEBASTIÃO MARCELO DE FREITAS
(Belo Horizonte, MG)
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