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São Paulo, terça-feira, 03 de junho de 2003

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PAINEL DO LEITOR

TV latino-americana
"Em relação à reportagem "BNDES vai bancar canal de TV latino" (Dinheiro, pág. B2, 30/5), que resultou no editorial "Tela fria" (Opinião, pág. A2, 31/5), gostaria de esclarecer que: 1) A TAL -Televisão América Latina- não é uma iniciativa do governo brasileiro. Ela resulta de uma antiga aspiração de instituições e de profissionais do audiovisual e da área da cultura -não apenas do Brasil- de incrementar o intercâmbio de programas na América Latina. É um projeto supranacional, no interesse da integração cultural da região; 2) A TAL não é uma emissora estatal nem, muito menos, governista. Ela vem se organizando a partir de um acordo de cooperação entre emissoras de TV e instituições culturais de todo o continente -públicas, estatais e privadas. Cerca de 50 organizações estão sendo mobilizadas; 3) O total da participação brasileira -pública, estatal e privada- está previsto em um terço (R$ 12 milhões) dos recursos necessários, o que equivale ao peso do país na América Latina (em população e em PIB) e na própria programação do canal; 4) A TAL não drenará recursos da televisão pública brasileira. Diferentemente disso, criará um intenso intercâmbio de programação no continente, o que resultará na oferta de programas às emissoras públicas brasileiras sem lhes gerar nenhum custo; 5) Não sou ex-presidente da TV Educativa do Rio Grande do Sul, como informou o texto. Seria uma honra, mas não a tenho no currículo."
Gabriel Priolli , presidente da TAL -Televisão América Latina (São Paulo, SP)

Nota da Redação - Leia abaixo a seção "Erramos".

Transtornos mentais
"Foi muito interessante o destaque que nosso presidente deu, na última quarta-feira, ao campo da saúde mental ("Todos temos "um pouco" de loucos, diz Lula", Brasil, pág. A4, 29/5). Não foi à toa que ele frisou para olharmos para os nossos últimos dez anos, pois estudos epidemiológicos apontam que cerca de 25% da população de São Paulo desenvolve pelo menos um transtorno mental ao longo de sua vida, que a prevalência anual desses transtornos chega a 19% e que, do ponto de vista da incapacitação para o trabalho, os transtornos mentais superam todos os outros diagnósticos, segundo dados da Secretaria da Saúde de São Paulo. Isso nos leva a pensar numa política mais ampla, que substitua o modelo hospitalocêntrico-manicomial por uma rede de ações em saúde mental que passe pelos postos de saúde, pelo PSF, pelos centros de atenção psicossociais e pelas enfermarias de psiquiatrias em hospitais gerais e que forme políticas de intersetorialidade com a cultura, com a assistência social e com os demais setores da saúde."
Pedro Carlos Carneiro, médico psiquiatra, psicólogo e membro do Fórum Paulista da Luta Antimanicomial (São Paulo, SP)

Astrologia
"Venho registrar minha profunda decepção com a Folha devido às reportagens sobre astrologia publicadas no caderno Dinheiro no domingo ("Júpiter é "culpado" por juros, diz astrologia" e "Movimento de planetas pode derrubar Bovespa"). Essa decepção advém do fato de um jornal que se coloca entre os mais importantes do país dar atenção a uma pseudociência há muito desacreditada totalmente, pois não faz o menor sentido pensar que os astros possam ter qualquer influência sobre a vida ou sobre eventos na Terra. O tratamento jornalístico das reportagens foi de baixíssimo nível, como no texto "Movimento dos planetas pode derrubar Bovespa", no qual o astrólogo diz que "isso, em geral, acelera a tendência em andamento na Bolsa -ela tanto pode cair como subir". Aliás, típica afirmação de astrólogo, em que tudo é possível."
Romeu C. Rocha Filho, professor do Departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos (São Carlos, SP)

Álcool
"Parece que o governo quer interferir no Congresso a fim de vetar a proibição de propaganda de bebidas alcoólicas no horário das 6h às 22h -com o pífio argumento de que as agências de publicidade teriam recebido mais de R$ 500 milhões. E as desgraças que o alcoolismo traz às famílias brasileiras, quanto custam? E a perda de preciosas vidas no trânsito, quanto custa? Quanto custam as perdas de dias de trabalho em decorrência de alcoólatras que começaram tomando uma inocente cerveja? Acho uma tremenda hipocrisia do governo a sua posição contrária à propaganda de cigarros, já que o único mal que causa é ao próprio fumante. Um cigarro vicia, mas um inocente copo de cerveja destrói casamentos, famílias e empregos."
Neli Aparecida de Faria (São Paulo, SP)

Quando?
"Quando é que o presidente vai parar de culpar o governo anterior e começar a caminhar com as próprias pernas? Se o governo passado é motivo de tanta crítica, por que é tão copiado? Ao comparar o país a uma bicicleta ergométrica, o presidente deveria lembrar-se de que é ele quem está pedalando há seis meses. Quando disse que os sindicalistas não deveriam agir como ele e sua turma agiram no passado, assumiu de uma vez por todas que tudo o que ele dizia ou fazia deve ser esquecido. Ou seja, ele não é o presidente que foi eleito por 52% de brasileiros."
Maria Eloiza Rocha Saez (Curitiba, PR)

Crimes
"A lei de crimes hediondos (8.072/90) não serve de paradigma para obstar a reforma penal como sustentam os laxistas do movimento antiterror. O dia-a-dia forense revela que nossos juízes raramente se afastam do patamar mínimo da pena cominada e quase nunca se aproximam do seu teto. Exemplo: tráfico de entorpecentes (pena de três a 15 anos de reclusão). Considerando que o condenado terá direito ao livramento condicional quando descontar dois terços da pena aplicada, ganhará a liberdade quando cumprir dois anos de prisão. Somente por essa ótica é que se pode compreender a tese do supra-indigitado movimento. A culpa não é da lei, mas de seu aplicador. Por que não invocar como paradigma a legislação italiana (Operação Mãos Limpas), que diminuiu sobremaneira o crime organizado e de corrupção naquele país? Note-se que a realidade social da Itália não se compara à nossa. O povo brasileiro, assim como no caso da fome, não pode esperar -sob pena da "colombianização" do Brasil. Concordo, todavia, com a necessidade de modernização das polícias e do processo, assim como da construção de presídios em número suficiente para atender à nossa população carcerária. O fim das desigualdades sociais, além de ser demorado, é hodiernamente utópico."
João Antonio Marchi , promotor de Justiça Criminal (São Paulo, SP)


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