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CLÓVIS ROSSI
A diretoria do mundo
LONDRES - Era uma vez um tempo em que o G7, o clubão dos sete
países mais ricos do mundo, era
chamado de diretoria do planeta.
Acertavam-se -quando o conseguiam- e os demais que se ajeitassem às suas decisões, pelo menos
em termos econômicos. Depois, entrou a Rússia, neocapitalista, mas
nada mudou essencialmente até faz
bem pouco tempo.
Agora, é outra história. Pegue-se,
entre tantos exemplos possíveis, o
problema do ambiente. O secretário-geral da ONU, o sul-coreano
Ban Ki-Moon, está preparando um
jantar para o dia 24/9, em Nova
York, na véspera da abertura da assembléia geral da instituição, com
um grupo de 15 países. Os do G8,
claro, mais Brasil, Índia, China,
África do Sul, México, Argélia e
duas das ilhas que estão ameaçadas
de sumir do mapa pelos efeitos colaterais do aquecimento global.
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva foi sondado na quinta-feira
por Ricardo Lagos, ex-presidente
do Chile, que está para ser nomeado
para coordenar na ONU o combate
ao aquecimento global. Topou a
conversa, assim como George Walker Bush, que só estabeleceu uma
condição: a de que o jantar não tivesse caráter deliberativo, o que é,
de resto, uma obviedade.
Lula começa agora uma ronda de
consultas com seus pares sul-americanos, porque disse a Lagos que
quer levar a Nova York uma posição
conjunta da região.
O presidente brasileiro antecipa
que a responsabilidade pela preservação ambiental não pode ser distribuída de forma igual entre países
ricos e pobres e que qualquer programa a ser eventualmente adotado
não pode brecar o desenvolvimento
dos emergentes.
Todo esse balé diplomático-ambiental deságua esta semana na cúpula do G8 na Alemanha. Na qual o
velho clubão terá a companhia de
cinco países em desenvolvimento.
Pelo menos nesse capítulo, o mundo está mudando para melhor.
crossi@uol.com.br
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